Presidente da CPMI anuncia denúncia contra tenente-coronel Mauro Cid ao STF

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Militar não respondeu a nenhuma pergunta durante depoimento na CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro

 

 

O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de janeiro, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), revelou que apresentará ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma denúncia contra o tenente-coronel Mauro Cid. A decisão foi motivada pela conduta do militar durante seu depoimento na CPMI, no qual ele se recusou a responder qualquer pergunta feita pelos parlamentares.

O episódio ocorreu quando a deputada Jandira Feghalli (PcdoB-RJ) questionou a idade do tenente-coronel, e ele afirmou que, seguindo a orientação de sua equipe técnica, permaneceria em silêncio. A atitude de Cid foi considerada “desrespeitosa com o Supremo Tribunal Federal” pelo presidente da CPMI.

Arthur Maia concordou com a deputada e explicou que solicitou ao advogado de Cid que o informasse sobre o descumprimento de uma ordem do STF. Ele lamentou a necessidade de apresentar uma denúncia contra o tenente-coronel ao próprio STF.

Cid possuía autorização da ministra Cármen Lúcia para permanecer em silêncio apenas diante de perguntas que pudessem incriminá-lo, enquanto deveria responder às demais que não resultassem em provas contra ele. No entanto, ao recusar-se a responder a pergunta simples sobre sua idade, o tenente-coronel demonstrou um claro descumprimento das regras.

Durante a audiência pública, Cid fez uma declaração inicial, na qual afirmou não participar de atividades relacionadas à administração pública e não questionar Bolsonaro sobre os assuntos discutidos em reuniões com autoridades. Ele descreveu sua função como a de um secretário executivo do ex-presidente.

O tenente-coronel está detido desde maio, acusado de fraudar cartões de vacinação contra a Covid-19, incluindo o do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus familiares. Além disso, ele é apontado como um dos articuladores de uma conspiração para reverter o resultado eleitoral de 2022, incluindo planos para uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mensagens encontradas em seu celular indicam o planejamento de um golpe de Estado.

Diante das evidências reunidas pela Polícia Federal, que incluem mensagens trocadas entre Cid e outros militares, a denúncia apresentada por Arthur Maia visa dar continuidade às investigações sobre as ações golpistas e as possíveis conexões do tenente-coronel com tais planos. O caso continua sendo acompanhado de perto pelos membros da CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro, que buscam esclarecer os eventos ocorridos naquela data e responsabilizar os envolvidos.(ABr)