Neste Dia do Orgulho LGBTQIA+, conversamos com psicólogos para entender a importância do orgulho e como ele contribui para a saúde mental individual e coletiva, além de promover uma sociedade mais saudável e tolerante.
Segundo a professora de psicologia Jaqueline Gomes de Jesus, o orgulho é essencial para garantir a saúde mental e o bem-estar individual e coletivo. Reconhecer-se como sujeito possível, valorizar a própria identidade e viver livremente são elementos fundamentais para o orgulho LGBTQIA+.
Para muitos, o orgulho é o oposto da vergonha, uma forma de reconhecer-se e valorizar a complexidade da identidade e do desejo, mesmo quando a sociedade não os valoriza. A expressão livre da identidade de gênero e orientação sexual é essencial para superar os desafios de saúde mental enfrentados pela população LGBTQIA+.
Uma pesquisa do Datafolha revelou que oito em cada dez jovens brasileiros, com idades entre 15 e 29 anos, enfrentam problemas de saúde mental, como pensamentos negativos, ansiedade, transtornos alimentares e ideação suicida. Entre os jovens LGBTQIA+, esses problemas são ainda mais comuns, afetando nove em cada dez pessoas desse grupo.
Lucas de Vito, psicólogo, empresário e influenciador, destaca que muitos desses problemas estão relacionados à negação da própria identidade. Viver o orgulho significa ser autêntico, respeitando os próprios desejos e vivendo de acordo com quem se é.
A definição de orgulho também envolve a satisfação em relação a algo realizado por si mesmo ou por alguém relacionado. No entanto, a sociedade impõe um padrão que muitas vezes exclui a diversidade. O orgulho LGBTQIA+ desafia esses padrões e representa uma resistência ao retrocesso e à negação dos direitos.
Para Pedro Paulo Bicalho, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e presidente do Conselho Federal de Psicologia, é necessário rever os padrões sociais existentes, reconhecendo-os como construções históricas que podem e devem ser desconstruídas. É importante compreender que os padrões são estabelecidos através de relações de poder e que é possível reconfigurá-los em prol de uma sociedade inclusiva e igualitária.
A segurança e a saúde mental da população LGBTQIA+ também dependem do reconhecimento das múltiplas identidades sociais que podem resultar em maior discriminação. A interseccionalidade de gênero, raça, classe social e outros fatores influencia a forma como essas pessoas são vistas e tratadas na sociedade.
O autoconhecimento e o fortalecimento por meio de uma comunidade LGBTQIA+ são alternativas para enfrentar esses desafios. Reconhecer-se como parte de uma comunidade e entender que não se está sozinho é um passo importante na afirmação da identidade.