Medicamento promissor pode combater a resistência bacteriana aos antibióticos

Resistência acontece quando bactérias deixam de responder aos medicamentos Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz

 

A resistência bacteriana se tornou um problema de saúde global, onde as bactérias deixam de responder aos medicamentos disponíveis, tornando os antibióticos ineficazes. Isso leva a infecções difíceis ou impossíveis de tratar, aumentando o risco de disseminação de doenças graves e até mesmo de morte.

O uso excessivo e incorreto de antibióticos é o principal responsável por esse problema crescente, levando ao aumento de bactérias resistentes aos medicamentos, conhecidas como superbactérias, representando um risco para a saúde humana e animal em todo o mundo.

Em busca de soluções para esse cenário alarmante, pesquisadores do Baylor College of Medicine estão explorando alternativas que possam reduzir significativamente a capacidade das bactérias de desenvolver resistência aos antibióticos.

Uma possível solução vem na forma de um medicamento chamado cloreto de dequalínio (DEQ), que foi testado em culturas de laboratório e modelos animais. Os resultados desses testes foram publicados no periódico Science Advances. A autora correspondente do estudo, Susan M. Rosenberg, professora de Baylor, destacou que embora a maioria das pessoas melhore após completar o tratamento com antibióticos, existem muitos casos em que a bactéria desenvolve resistência ao medicamento, tornando-o incapaz de eliminá-la.

Os cientistas direcionaram seus esforços para identificar medicamentos capazes de impedir ou retardar o desenvolvimento de resistência pela bactéria Escherichia coli a dois antibióticos, quando exposta a um terceiro antibiótico, a ciprofloxacina, o segundo mais prescrito nos Estados Unidos e associado a altas taxas de resistência bacteriana.

Durante o estudo, os pesquisadores observaram que o DEQ reduz a velocidade de formação dos genes associados à resistência bacteriana. Estudos anteriores realizados pelo grupo de pesquisa já indicavam que culturas bacterianas expostas à ciprofloxacina em laboratório apresentavam uma taxa aumentada de mutação, sendo que algumas mutações poderiam conferir resistência.

Uma análise recente apontou que, em infecções animais tratadas com ciprofloxacina, as bactérias ativam um processo de mutação genética induzido por estresse. A resistência ao medicamento ocorre principalmente através do desenvolvimento de novas mutações pelas bactérias, tanto em ambiente clínico quanto em laboratório, e não pela aquisição de genes que conferem resistência a antibióticos provenientes de outras bactérias.

Os pesquisadores de Baylor avaliaram 1.120 medicamentos aprovados para uso humano, buscando identificar aqueles capazes de diminuir a resposta bacteriana ao estresse, o que foi demonstrado como uma forma de combater o surgimento de mutações de resistência.