Famílias começam a receber casas reconstruídas em Bento Rodrigues, após tragédia em Mariana

© Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

Após quase sete anos e meio da tragédia em Mariana (MG), quatro famílias receberam as chaves de suas casas reconstruídas em Bento Rodrigues. A entrega das casas é um marco na reparação dos danos causados em decorrência do rompimento da barragem da mineradora Samarco. A Fundação Renova, entidade que administra o processo de reparação, anunciou que essas famílias deverão ser os primeiros moradores a viver na nova comunidade.

O rompimento da barragem ocorreu em novembro de 2015, deixando 19 mortos e causando impactos em dezenas de cidades mineiras e capixabas na Bacia do Rio Doce. Em Mariana, dois distritos foram arrasados: Bento Rodrigues e Paracatu. Um acordo para reparação dos danos foi firmado em março de 2016 pelo governo federal, pelos governos de Minas Gerais e do Espírito Santo, pela Samarco e por suas acionistas Vale e BHP Billiton. A partir dele, foi criada a Fundação Renova, responsável por gerir as medidas previstas, entre elas a reconstrução e o reassentamento das comunidades.

No entanto, a demora na entrega das obras é um dos assuntos relacionados com a reparação que levaram o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) a recorrer às esferas judiciais. Está sendo cobrada da Samarco uma multa de R$ 1 milhão por dia, contado a partir de 27 de fevereiro de 2021, último prazo fixado pela Justiça para a entrega do reassentamento. Crítico da atuação da Fundação Renova, o MPMG também já pediu a extinção da entidade por entender que ela não tem a devida autonomia frente às três mineradoras.

As famílias que começam a se mudar para as novas casas em Bento Rodrigues pouco se lembram da comunidade que foi arrasada pela lama. O novo distrito conta com imóveis maiores e de padrão construtivo mais elevado, cercados por muros, alguns com churrasqueiras e piscinas, que dão ares de um condomínio urbano e se distanciam da paisagem de uma comunidade rural. A Cáritas em Mariana, entidade que presta assessoria técnica aos atingidos, questiona a falta de garantia na preservação do modo de vida das famílias que eram parte de uma comunidade rural.