Toma lá dá cá do governo somou R$ 3 bilhões a bolsonaristas em emendas

 

O caminho escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para abastecer o Centrão, já apelidado de Bolsolão, é garantido pelo toma lá dá cá nas estatais.

O Estadão publicou uma lista dos apadrinhados da Codevasf, que repassou R$  3 bilhões para os bolsonaristas.

“O diretor-presidente da Codevasf é o engenheiro baiano Marcelo Moreira, ex-funcionário da Odebrecht, indicado em 2019 pelo deputado Elmar Nascimento, com respaldo do então ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, hoje chefe da Casa Civil.

O Progressistas, por sua vez, tem dois nomes na diretoria executiva da Codevasf. O primeiro é Luís Napoleão Casado Arnaud Neto. Homem da confiança de Arthur Lira, Arnaud Neto é diretor da Área de Gestão dos Empreendimentos de Irrigação.

Já o diretor da Área de Revitalização de Bacias Hidrográficas é Davidson Tolentino de Almeida, ligado ao presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI).

O diretor de Desenvolvimento Integrado e Infraestrutura da Codevasf, Antônio Rosendo Neto Júnior, também tem um padrinho, o senador governista Roberto Rocha.”

O Estadão rastreou o uso dos R$ 3 bilhões em emendas extras liberadas pelo governo para comprar apoio do Congresso nas eleições de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. O dinheiro, que saiu do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), foi destinado à aquisição de tratores e equipamentos agrícolas.

O Antagonista revelou, no final do primeiro ano do governo Bolsonaro, a prática de pagamento de recursos extras sem qualquer prestação de contas. Na ocasião, foram liberados R$ 3,8 bilhões via MDR.

No ano passado, mostramos que a prática foi mantida com a liberação de mais R$ 600 milhões fora da cota regular de emendas parlamentares e que esse dinheiro, beneficiou os currais eleitorais de aliados do governo. Em janeiro, o Estadão trouxe à tona uma planilha com o valor global de R$ 3 bilhões, distribuídos entre 250 deputados e 35 senadores.

“O flagrante do manejo sem controle de dinheiro público aparece num conjunto de 101 ofícios enviados por deputados e senadores ao Ministério do Desenvolvimento Regional e órgãos vinculados para indicar como eles preferiam usar os recursos”, diz o jornal.

Davi Alcolumbre (DEM-AP), por exemplo, conseguiu R$ 277 milhões em verbas do MDR. “Ele precisaria de 34 anos no Senado para conseguir indicar esse montante por meio da tradicional emenda parlamentar individual, que garante a cada congressista direcionar livremente R$ 8 milhões ao ano.”

Caso emblemático também é o do deputado Lúcio Mosquini (MDB-RO). De acordo com a matéria, “o governo aceitou pagar R$ 359 mil num trator que, pelas regras normais, somente liberaria R$ 100 mil dos cofres públicos. No total, o deputado direcionou R$ 8 milhões.”

Flávia Arruda, atual ministra da Secretaria de Governo, dirigiu R$ 5 milhões para a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Paranaíba). Questionada, ela diz não se lembrar do recurso. “É tanta coisa que a gente faz que não sei exatamente do que se trata.”