Infectologista garante eficácia da vacinação infantil e tranquiliza os pais

 

O experiente infectologista Dr. Hemerson Luz, em entrevista ao Tudo Ok Notícias, entende que a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19 com o imunizante da Pfizer é de suma importância, uma vez que já morreram 2,5 mil crianças desde o início da pandemia até hoje. Apesar de os números mostrarem serem proporcionalmente, inferiores aos óbitos de adultos.

 

Na visão de Luz, a vacina é imprescindível, para uma cobertura de proteção vacinal, e, principalmente, para a imunização das crianças entre 5 e 9 anos. O infectologista do Hospital das Forças Armadas, avisa aos pais que a vacina infantil é eficaz no caso das crianças com dados inclusive dos Estados Unidos da América (EUA). Onde foram vacinadas cerca de 8 milhões de crianças.

 

Hemerson assinalou que é preciso avaliar que a transmissão da variante Ômicron é oito vezes maior que a variante Delta. “Assim, o grande número de pessoas infectadas deverá levar pessoas aos hospitais. E, ainda, evoluir de uma forma desfavorável e ir a óbito”, enfatizou.

 

Para o médico, a campanha de vacinação é importante, bem como a dose de reforço. “O vírus vai tentar achar uma brecha para continuar se disseminando. E essa brecha em geral são as pessoas não vacinadas. As crianças fazem parte desse grupo hoje”, acentuou Luz.

 

Dose de reforço

A vacinação contra a Covid-19 começou no dia 19 de janeiro e o DF já recebeu 1.455.070 doses de imunizantes.

A dose de reforço aumenta o nível de anticorpos e colabora para o controle dessa variante. Ele ressalta que “a Ômicron dominará o cenário mundial e isso não vai ser diferente aqui no Brasil.”

 

Segurança da vacina

 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) atestou que a vacina da Pfizer é segura e eficaz para o público infantil. Luz confirmou que o imunizante foi testado quanto aos dois pontos, sendo a aprovação da Anvisa um passo muito importante. Ele citou o exemplo dos Estado Unidos, onde foram vacinadas mais de oito milhões de crianças e o relato é de zero de complicações de óbitos ou eventos adversos graves.

“Isso dá muita segurança. Ela pode ser usada. Já temos esses números de crianças que foram levadas a óbito. Só no ano passado foram 1.207 óbitos abaixo de 18 anos, sendo 110 desses em bebês. Então, é muito importante a vacinação. Ajuda a bloquear a disseminação”, declarou Luz.

 

Como funciona o imunizante infantil

Indagado quanto à eficácia da vacina no público infantil, o infectologista proferiu que os pais podem ficar tranquilos. “Certamente, as crianças, jovens e adolescentes têm sistema imunológico que tem resposta mais rápida e eficaz frente a qualquer tipo de estímulo tanto ao micróbio, quanto à vacina. A vantagem da vacina é que engana o sistema imunológico como se fosse uma doença. Então ocorre uma produção de anticorpos sem o risco de adoecer. Não tem como abrir o quadro da Covid-19 com a vacina, são apenas proteínas ou uma tecnologia nova de RNA Mensageiro e vai estimular o organismo para produzir os anticorpos.” Por isso, segundo Luz, a eficácia é elevada com garantia da primeira dose, tendo uma boa resposta.

 

Efeitos colaterais

 

Dada a quantidade de Fake News circulando nas redes sociais, o Tudo Ok Notícias, questionou o infectologista sobre os efeitos adversos que podem ocorrer como reação à vacina. Luz respondeu que são leves e o mais badalado é a miocardite.

“Pode dar em adolescentes, ela é leve. Com três a cinco dias de corticoide já diminui o processo inflamatório. E não é um RNA Mensageiro, ele não vai fazer mudança genética ou levar à miocardite. Ele é degradado de forma tão rápida que esse RNA Mensageiro é colocado em pequenos grânulos de gordura, lipossomos. Esses lipossomos conseguem manter o RNA Mensageiro viável.  A resposta inflamatória é contra esses lipossomas, que é uma bolinha de gordura onde o RNA Mensageiro está dentro”, explicou Luz.

 

Formulação adequada

 

O doutor destaca que a boa notícia é que a vacinação pediátrica é específica, não sendo a vacina do adulto que foi diluída. Assim, a formulação é muito mais branda, sendo muito raro algum efeito adverso. “

Tanto que pelo número de doses feitas nos EUA, mais de 8 milhões, não vemos nenhum caso de efeito adverso grave relatado, ou mesmo óbito”, salientou.

 

Fake News

No tocante às Fake News, como se vê em redes sociais, divulgando que Organização Mundial da Saúde (OMS) seria contra a imunização em crianças, por exemplo, Luz afirmou que é totalmente falso. Trata-se de mais uma entre tantas milhões de desinformações. Ele declamou que tem acompanhado as publicações da OMS e do Centers for Disease Control and Prevention, em português, Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão equivalente à Anvisa lá nos EUA. Esses órgãos realizam análise e usando uma plataforma que é muito séria e apresenta os efeitos adversos e aberta ao público. “Se você estiver nos EUA, você pode relatar aquela suspeita de efeito adverso, no seu filho, em você mesmo, ou algum parente. Eles investigarão a fundo para ver o que houve.” Luz acrescentou que a OMS é a favor da vacinação infantil.

 

Distribuição mundial desequilibrada

 

Um dos grandes problemas detectados pela OMS e citado pelo infectologista é a distribuição irregular de vacinas no mundo. “No Continente Africano, temos uma cobertura de 10%, no máximo. E quanto menor a cobertura vacinal, maior é a replicação e disseminação dos vírus e maior a chance de aparecer novas variantes”, relatou

Já o nível de vacinação no Brasil é diferente em relação a outros países. Na avaliação de Luz no Brasil há cultura vacinal que colaborou para erradicar uma doença importantíssima no Brasil, que é a poliomielite, cuja incidência é presente em diversos países. “Se começar a cair a cobertura vacinal ela pode voltar. Inclusive levando crianças a óbito e mal formação das pernas como sequelas”, acentua Luz.

No caso da Covid-19 não é diferente. “Isso acontece também com ela. Temos uma cobertura vacinal muito boa. A população procura postos de saúde. E as crianças, agora, estão na sua vez. As pessoas não vacinadas sustentam a disseminação do vírus. Pessoa vacinada pode transmitir, pegar, pode, mas o risco de ser quadro grave ou transmitir por muito tempo é baixíssimo”, pontuou o médico.

 

Recado para os pais

 

Ele destaca, primeiramente, que se a vacina infantil estivesse disponível, muitas dessas crianças poderiam estar vivas. “Vacinar é um ato de cidadania e de saúde pública. Onde a disseminação da doença será diminuída e proteger as pessoas que estão mais vulneráveis. No ano passado foram 1.207 óbitos abaixo de 18 anos, 110 bebês com menos de 28 dias foram a óbito pela Covid-19. Talvez se tivessem aquelas pessoas vacinadas ou outra realidade, muitos desses bebês não teriam evoluído assim”, reforçou Luz.

 

 

Trajetória do especialista

Infectologista Hemerson Luz

Luz é infectologista bastante experiente, trabalha no Distrito Federal em dois hospitais de Brasília. No Facebook é possível encontrá-lo pelo nome doutor hemerson.luz . Ele disse que está bastante demandado pela mídia e tem falado muito sobre a questão da vacina contra a Covid-19. “Isso porque até hoje, minha postura foi científica. Certamente, se a Anvisa lançasse algum estudo dizendo para não vacinar, eu seria o primeiro a defender isso. Mas o que vemos é o contrário. Temos uma grande experiência. A vacina está salvando vidas.”

O doutor acrescenta que já passou por alguns trabalhos humanitários, inclusive no exterior, em locais de desastre, como no Chile, depois do último mais forte terremoto. Também trabalhou em países da América Central, como Nicarágua, El Salvador, e ainda no Haiti, sempre dando assistência a pessoas não só em desastres, mas ainda a pessoas sem assistência.

Ainda atuou no Rio de Janeiro, na serra, quando houve deslizamentos e morreram quase 900 pessoas, atendendo também famílias em áreas que ficaram isoladas. Dessa forma, Luz detém vasta experiência na medicina humanitária e respostas a desastres. “Eu posso dizer que essa pandemia veio para mudar a nossa história. E o Brasil tem uma grande vantagem. A cultura vacinal. As pessoas procuram a vacina. Mesmo as pessoas que já foram infectadas estão procurando a vacina. Isso é uma atitude certa. Temos que manter os níveis de anticorpos altos para diminuir os riscos de quadros graves ou de uma evolução desfavorável para o óbito”, concluiu o infectologista Hemerson Luz.