Fundações e associações sem fins lucrativos pagaram salários acima das empresas em 2023

Ao todo, serão sorteados 158 prêmios, no valor total de R$ 200 mil (Foto: Denis Marlon)

Levantamento revela que trabalhadores do setor receberam, em média, 2,8 salários mínimos, superando a remuneração do setor empresarial

As fundações privadas e associações sem fins lucrativos pagaram, em 2023, salários médios superiores aos das empresas, segundo levantamento divulgado nesta quinta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os trabalhadores dessas instituições receberam, em média, R$ 3.630,71, o equivalente a 2,8 salários mínimos, enquanto nas empresas a remuneração média foi de 2,5 salários mínimos.

No ano-base da pesquisa, o salário mínimo médio foi de R$ 1.314,46. Apesar do desempenho acima do setor empresarial, tanto as fundações e associações quanto as empresas ficaram abaixo da administração pública, que apresentou a maior remuneração média, com quatro salários mínimos.

Os dados fazem parte de um estudo que traça um panorama das fundações privadas e associações sem fins lucrativos (Fasfil) no país. As informações foram coletadas no Cadastro Central de Empresas (Cempre) do IBGE. O levantamento é realizado desde 2002, mas, devido a mudanças metodológicas, os números de 2023 só podem ser comparados aos de 2022.

De acordo com o instituto, são classificadas como Fasfil as associações comunitárias, fundações privadas, entidades religiosas, instituições educacionais e de saúde sem fins lucrativos. Ficam fora desse universo sindicatos, partidos políticos, condomínios e entidades paraestatais, como o Sistema S, que integram um grupo distinto denominado apenas de entidades sem fins lucrativos.

Ranking de remuneração

O levantamento também comparou a remuneração média em salários mínimos entre diferentes tipos de organização:

  • Administração pública: 4 salários mínimos

  • Fundações privadas e associações: 2,8 salários mínimos

  • Entidades sem fins lucrativos: 2,6 salários mínimos

  • Entidades empresariais: 2,5 salários mínimos

  • Total dos trabalhadores: 2,8 salários mínimos

Perfil e áreas de atuação

O estudo aponta que 35,3% das fundações privadas e associações sem fins lucrativos são entidades religiosas, somando 210,7 mil organizações. Em seguida aparecem as áreas de cultura e recreação (89,5 mil), desenvolvimento e defesa de direitos (80,3 mil), associações patronais e profissionais (69,5 mil), assistência social (54 mil) e educação e pesquisa (28,9 mil).

No mercado de trabalho, a área da saúde é a maior empregadora, concentrando 41,2% dos trabalhadores, cerca de 1,1 milhão de pessoas. Em seguida vêm educação e pesquisa (27,7%) e assistência social (12,7%).

Predominância feminina e desigualdade salarial

As mulheres têm presença marcante nas Fasfil. Enquanto representam 45,5% do total de empregados no conjunto das organizações do país, nas fundações e associações sem fins lucrativos elas correspondem a 68,9% dos assalariados. Na educação infantil, a participação feminina chega a 91,7%.

Apesar disso, a desigualdade salarial persiste. Segundo o IBGE, as mulheres recebem, em média, 19% menos que os homens nesse segmento, padrão semelhante ao observado no mercado de trabalho brasileiro como um todo.

Importância social e porte das instituições

Para o coordenador de Cadastros e Classificações do IBGE, Francisco Marta, o levantamento evidencia a relevância econômica e social do setor. “Essas instituições complementam as ações do governo em áreas como saúde, educação, assistência social, defesa de direitos e meio ambiente. Elas contribuem com bastante força para a riqueza do país”, afirma.

Em relação ao porte, as fundações privadas e associações sem fins lucrativos tinham, em média, 4,5 empregados. No entanto, 85,6% não possuíam nenhum trabalhador formal, e apenas 0,7% contavam com 100 ou mais funcionários. As maiores médias de empregados foram registradas em hospitais (269,7), instituições de saúde (132,5), ensino superior (73,9) e ensino médio (73,8). Na outra ponta, as entidades religiosas apresentaram média de apenas 0,6 assalariado.