
Pesquisa do Instituto Fecomércio-DF realizada com lojistas e consumidores aponta que a expectativa dos lojistas e consumidores com o Natal deste ano está ligeiramente abaixo da observada em 2024. Embora a maior parte dos comerciantes projete aumento nas vendas, alguns indicadores importantes recuaram, como o ticket médio e a intenção de compra dos consumidores. Nesse contexto, o comércio espera movimentar até R$ 981 milhões, montante 1,1% inferior ao que foi estimado no ano passado (R$ 992 milhões).
Entre os empresários consultados, 76,6% esperam um desempenho superior ao de 2024. O percentual é próximo ao registrado na pesquisa anterior, que havia alcançado 77%, mas agora registra um aumento no grupo que projeta estabilidade, que passou de 18,8% para 20,6%. Apenas 2,8% dos entrevistados estimam queda nas vendas. A percepção sobre o ticket médio do lojista revela cautela. A previsão média caiu de R$ 269 para R$ 234, o que representa redução de 12,9%.

Do lado dos consumidores, o cenário também aponta retração. A intenção de compras caiu 8,2%. Em 2024, 85,9% pretendiam presentear. Este ano, o índice ficou em 78,8%. A queda aparece entre homens e mulheres, sendo mais acentuada entre os consumidores do sexo masculino, que registraram recuo de 18,2%. O ticket médio dos consumidores também diminuiu. Caiu 25,8%, passando de R$ 396 para R$ 294 por presente.
Segundo o presidente do Sistema Fecomércio-DF, José Aparecido Freire, diversos fatores podem explicar a queda na expectativa para o Natal, entre eles o alto nível de endividamento das famílias, os juros altos, dificuldade de acesso ao crédito e até mesmo o bom desempenho das vendas durante a Black Friday. “Nossa pesquisa sobre a data revelou que, pela primeira vez, a adesão ao período de promoções foi de 100% dos lojistas. Ouvimos muitos relatos positivos das empresas sobre o período promocional. É possível que grande parte dos consumidores tenha aproveitado as ofertas e antecipado as compras de Natal”, avalia.
Aparecido destaca ainda que dados recentes da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostram que mais de 76% das famílias do DF – cerca de 820 mil – possuem algum tipo de dívida. Dessas, cerca 42% (445 mil) estão com pagamentos em atraso e 18% (196 mil) não têm condições de quitar o débito. “Apesar do bom índice de emprego no DF, esses fatores relacionados ao endividamento, somados ao juros altos e inflação acumulada no ano, acima de 4%, podem estar influenciando o desempenho esperado para o Natal”, conclui.
Presentes preferidos
Quanto à política de preços, 63,9% dos lojistas afirmam que manterão os valores praticados no ano passado. Outros 34,1% estimam reajustes, com aumento médio de 10,7%, motivado principalmente pelos repasses de fornecedores (51,1%), elevação de impostos (22,1%) e reajustes anuais (16,3%). Já os 2% que projetam redução esperam queda média de 7,6%, sobretudo para atrair mais consumidores.
Cerca de 75% dos empresários pretendem adotar estratégias comerciais para impulsionar as vendas de fim de ano. As ações mais citadas incluem promoções (19,3%), campanhas de divulgação (18,8%) e ampliação da diversidade de produtos (17,7%).
Os locais preferidos para compras mantiveram padrão semelhante ao dos últimos anos. Lojas de shopping lideram a preferência (38,5%), seguidas pelo comércio eletrônico (25,2%) e pelas lojas de rua e de bairro (16,8%). Juntos, esses três grupos concentram 80,5% das intenções. Variedade de produtos (24,4%), segurança (19,9%), ofertas (16,8%) e facilidade de locomoção (15,9%) aparecem entre os principais motivos que orientam essa escolha.
A pesquisa indica ainda que o comportamento de consumo deve repetir a dinâmica do ano anterior, com maior movimentação aos fins de semana, especialmente aos sábados (32,2%). O período da tarde se mantém como o mais buscado pelos consumidores (43,8%), seguido pela noite (34,5%) e pela manhã (21,7%).
Metodologia
A amostra de consumidores, obtida por abordagem aleatória em diferentes pontos de circulação do Distrito Federal, contou com 287 entrevistados. A amostra de lojistas, composta por proprietários e gerentes, totalizou 252 empresas de distintos segmentos do comércio de bens, serviços e turismo.










