China amplia importações de soja e se aproxima de recorde histórico em 2025

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Previsão indica que país poderá superar 110 milhões de toneladas após aumento das compras da América do Sul e trégua comercial com os EUA

As importações de soja pela China atingiram, em novembro, o maior nível para o mês desde 2021, segundo cálculo da Reuters baseado em dados da Administração Geral das Alfândegas divulgados nesta segunda-feira (8). O maior comprador mundial do grão importou 8,11 milhões de toneladas, alta de 13,4% em relação às 7,15 milhões de toneladas registradas no mesmo período do ano passado.

De janeiro a novembro, a China já acumulou 103,79 milhões de toneladas, avanço de 6,9% na comparação anual. Apesar disso, os embarques de novembro ficaram 14,5% abaixo de outubro, movimento que surpreendeu parte dos analistas. “As importações de soja em novembro ficaram um pouco abaixo de nossas expectativas”, afirmou Rosa Wang, analista da consultoria JCI, sediada em Xangai.

Mesmo com o recuo mensal, a tendência para 2025 segue de forte expansão. A JCI projeta que as compras chinesas poderão alcançar um recorde superior a 110 milhões de toneladas, impulsionadas pelo volume crescente importado do Brasil e pela retomada das aquisições dos Estados Unidos após sinais de distensão entre Pequim e Washington.

Estoques elevados e impacto da trégua comercial

Entre maio e outubro deste ano, as importações chinesas bateram recordes sucessivos. Compradores aceleraram a aquisição de soja sul-americana diante do temor de escassez, caso a disputa comercial com os EUA se prolongasse. O movimento acabou elevando estoques internos.

“Os estoques de soja e farelo nas esmagadoras domésticas estão atualmente altos, aumentando a pressão de venda”, avaliou Wang Wenshen, analista da Sublime China Information. Ele estima que as importações de dezembro possam chegar a 8,6 milhões de toneladas, o que levaria o total anual a cerca de 112 milhões de toneladas, novo recorde histórico.

A trégua comercial ganhou força após o encontro, no fim de outubro, entre os líderes dos EUA e da China, realizado na Coreia do Sul. Desde então, o país asiático voltou a comprar grãos norte-americanos, movimento liderado pela estatal Cofco, que adquiriu cerca de 2,7 milhões de toneladas de soja dos EUA desde então, segundo o Departamento de Agricultura norte-americano (USDA).

A cifra ainda está distante da meta da Casa Branca, que espera fechar o ano com 12 milhões de toneladas negociadas. No entanto, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, indicou na semana passada que o prazo pode ser estendido até o fim de fevereiro. Pequim, por sua vez, ainda não confirmou oficialmente o volume total nem o cronograma das entregas.

Com a combinação de fortes compras do Brasil, retomada gradual das importações dos EUA e estoques elevados, o mercado global de soja segue atento ao comportamento da demanda chinesa — responsável por cerca de 60% do comércio mundial do grão.