Picadas de mosquito: o que realmente funciona e o que piora a lesão

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Dermatologistas alertam para riscos de métodos caseiros populares e recomendam cuidados seguros para aliviar coceira e inflamação

As picadas de mosquito fazem parte da rotina de quem vive em regiões tropicais, mas o desconforto causado por elas costuma levar muitas pessoas a recorrerem a soluções caseiras — algumas eficazes, outras capazes de agravar o problema. Segundo especialistas, a coceira intensa pode evoluir para inflamações, alergias e até infecções quando cuidados inadequados são aplicados.

De acordo com o dermatologista Cristiano Kakihara, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), práticas tradicionais sem respaldo científico podem provocar reações alérgicas, queimaduras e infecções. “O risco aumenta quando a pessoa coça demais ou usa substâncias irritantes na pele”, alerta. Em casos de múltiplas lesões, infecção local ou sintomas como febre, o ideal é buscar atendimento médico. Crianças, idosos e pessoas alérgicas merecem atenção especial, com produtos hipoalergênicos e orientação profissional.

O que ajuda de forma segura

Entre as medidas mais recomendadas está o uso de compressas frias. Segundo a dermatologista Ana Paula Jordão Visioli, as baixas temperaturas ajudam a reduzir a inflamação ao ativarem canais nervosos sensíveis ao frio. “Temperaturas entre 4 °C e 22 °C, aplicadas por até 30 minutos, podem aliviar a coceira, desde que não haja doenças vasculares periféricas”, explica.

Outra opção é a aplicação tópica de aloe vera (babosa), conhecida por suas propriedades anti-inflamatórias. Embora faltem estudos específicos sobre picadas de insetos, seu uso tradicional é considerado plausível — desde que não haja alergia à planta. Também é fundamental evitar coçar. O gesto rompe a pele, facilita a entrada de bactérias e aumenta o risco de infecção. Havendo feridas, recomenda-se lavar com água e sabão, cobrir com curativo limpo e observar sinais como secreção ou dor intensa.

O que deve ser evitado

Métodos caseiros comuns, como aplicar limão, vinagre, pasta de dente, álcool ou bicarbonato, são considerados perigosos pelos especialistas. “Podem causar irritações, dermatites e até queimaduras químicas, especialmente em peles já sensíveis”, afirma Visioli. O limão, em especial, oferece risco adicional de fitofotodermatite quando há exposição ao sol.

Óleos essenciais, como lavanda e tea tree, também merecem cautela. Kakihara destaca que eles podem desencadear dermatite de contato e que, em crianças, já foram relatados efeitos hormonais adversos, como ginecomastia e telarca precoce. Por isso, recomenda-se evitar seu uso tópico, sobretudo em menores de sete anos.

Para prevenir complicações, dermatologistas reforçam que pessoas alérgicas ou com histórico de reações intensas devem ser avaliadas por profissionais de saúde. Em quadros leves, higiene adequada, compressas frias e loções calmantes costumam ser suficientes. Nos casos de infecção ou reação generalizada, pode ser necessário utilizar antialérgicos, corticosteroides tópicos ou antibióticos, sempre com orientação médica.