
Presidente afirma que transição energética não pode ser imposta por data fixa e destaca sucesso da COP30 em Belém
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo (23) que o fim do uso dos combustíveis fósseis deve ocorrer a partir de um debate amplo e multissetorial, e não por meio da imposição de uma data limite. O tema foi central durante a COP30, encerrada neste fim de semana em Belém (PA), sob a condução do Brasil.
Falando à imprensa em Joanesburgo, na África do Sul, onde participou da Cúpula de Líderes do G20, Lula explicou que a discussão sobre um “Mapa do Caminho” para extinguir combustíveis fósseis sempre seria polêmica, já que o Brasil é um importante produtor internacional de petróleo. “Nós estamos tirando 5 milhões de barris por dia, não é pouca coisa”, destacou.
O Acordo de Belém, documento final da COP30, reforça a necessidade de mais investimentos em adaptação climática, mas evita qualquer menção direta ao fim dos combustíveis fósseis, considerados os maiores responsáveis pelo aquecimento global. Segundo Lula, a retirada do tema ocorreu para viabilizar a aprovação de um texto consensual entre todas as delegações.
Transição energética e pressões internacionais
Lula afirmou que a transição energética exige participação de especialistas e das próprias empresas petrolíferas, lembrando que o petróleo tem usos diversos, além de combustíveis como gasolina e diesel, como na indústria petroquímica.
Ele admitiu que seria difícil obter o apoio de grandes produtores, como a Arábia Saudita. Por isso, o governo brasileiro articulou que o assunto fosse incluído em um texto paralelo apresentado pelo Brasil, garantindo que o debate sobre o cronograma de transição fosse iniciado.
“No Brasil, o petróleo vai financiar a transição energética”, disse Lula, citando a ampliação do uso de biocombustíveis no país como exemplo de avanço. “O Brasil já tá dando uma lição de que é possível diminuir o uso de combustível fóssil.”
Ao avaliar o saldo da conferência, o presidente afirmou que a COP30 foi um “sucesso extraordinário”, sobretudo por ter mantido a unidade no sistema multilateral.;
Ausência de Trump e tensões no G20
Lula também comentou a ausência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na reunião do G20. Segundo ele, o fórum segue forte independentemente da participação americana, embora reconheça a importância econômica dos EUA.
“Ele [Trump] está tentando fortalecer o unilateralismo, mas eu acho que vai vencer o multilateralismo”, declarou. A Declaração de Joanesburgo, principal documento do encontro, foi aprovada por unanimidade pelos 19 países presentes — sem representante dos EUA.
Lula ressaltou que sua principal preocupação é transformar decisões do G20 em ações concretas, para evitar que o bloco perca relevância. A próxima cúpula será realizada em 2026, sob presidência norte-americana, em Miami.










