Governo reduz volume de recursos congelados no orçamento de 2025

© Marcello Casal jr/Agência Brasil

Bloqueio cai para R$ 7,7 bilhões, mas contingenciamento sobe após piora na projeção fiscal

 

 

A equipe econômica anunciou a redução do volume total de recursos congelados no Orçamento de 2025, que passou de R$ 12,1 bilhões para R$ 7,7 bilhões, segundo o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do 5º bimestre, divulgado nesta sexta-feira (21) pelo Ministério do Planejamento e Orçamento.

Desse total, R$ 4,4 bilhões estão bloqueados e R$ 3,3 bilhões foram contingenciados. A queda no bloqueio é explicada principalmente pelo cancelamento de R$ 3,8 bilhões em despesas discricionárias — valores não obrigatórios — para cobrir despesas obrigatórias em alta.

Já o contingenciamento, que havia sido zerado no relatório anterior, passou para R$ 3,3 bilhões devido à piora na projeção do resultado fiscal.

O detalhamento dos valores por ministério será divulgado no Decreto de Programação Orçamentária e Financeira, previsto para 30 de novembro.

O que significam bloqueio e contingenciamento

O governo recorre ao bloqueio quando os gastos previstos superam o limite estabelecido pelo arcabouço fiscal. Já o contingenciamento é adotado quando há queda de receita e risco de descumprimento da meta fiscal.

Para 2025, a meta é déficit zero, com tolerância para um resultado negativo de até R$ 31 bilhões.

Segundo o Ministério do Planejamento, a redução do bloqueio também é reflexo de uma queda de R$ 4 bilhões na estimativa de despesas obrigatórias, influenciada por menores gastos com benefícios previdenciários e subsídios.

O contingenciamento tornou-se necessário porque o déficit primário projetado atingiu R$ 34,3 bilhões, ultrapassando o limite permitido pela meta fiscal. O aumento decorre principalmente do déficit das estatais e da revisão para baixo da receita líquida.

Impacto final: redução de recursos congelados

Considerando os cancelamentos já realizados desde setembro, o total de recursos congelados caiu de R$ 8,3 bilhões para R$ 7,7 bilhões, um alívio de R$ 644 milhões.

No Poder Executivo, a contenção diminuiu em R$ 501 milhões, passando de R$ 5,514 bilhões para R$ 5,013 bilhões. Já o total de emendas parlamentares congeladas recuou de R$ 2,794 bilhões para R$ 2,645 bilhões, com liberação de R$ 149 milhões.

Projeções atualizadas de receitas e despesas para 2025

Receitas primárias da União

  • Antes: R$ 2,924 trilhões

  • Agora: R$ 2,922 trilhões

Despesas primárias totais

  • Antes: R$ 2,417 trilhões

  • Agora: R$ 2,418 trilhões

Gastos obrigatórios

  • Antes: R$ 2,207 trilhões

  • Agora: R$ 2,204 trilhões

Despesas discricionárias

  • Antes: R$ 219,056 bilhões

  • Agora: R$ 215,425 bilhões

Variações específicas

  • Benefícios previdenciários: – R$ 263,7 milhões

  • Pessoal e encargos: – R$ 384 milhões

  • Precatórios: + R$ 532,4 milhões

  • Subvenções econômicas: – R$ 3,092 bilhões

Receitas de arrecadação

  • Dividendos de estatais: + R$ 3,614 bilhões

  • Concessões: + R$ 88,2 milhões

  • Royalties: – R$ 1,822 bilhão

Meta fiscal e decisões recentes

O governo afirma que a piora na projeção fiscal está ligada ao desempenho negativo das estatais e à queda de R$ 1 bilhão na previsão de receita líquida.

Medidas aprovadas no Congresso — como ações de combate à compensação tributária indevida, ajustes no Atestmed (sistema de atestado médico digital do INSS) e mudanças no seguro-defeso — devem gerar alívio fiscal de cerca de R$ 15 bilhões.

O Tribunal de Contas da União também autorizou, de forma preliminar, o governo a contingenciar recursos para alcançar o limite máximo da meta fiscal, ampliando a flexibilidade no planejamento. A decisão, assinada pelo ministro Benjamin Zymler, ainda será analisada pelo plenário.

O detalhamento das áreas que terão liberação parcial dos recursos bloqueados será conhecido até o final de novembro.