Consciência Negra 2025 ultrapassa 100 mil pessoas em quatro dias de festival

Foto: Divulgação/Secec-DF

 

Edição histórica foi encerrada neste sábado (22) com um público de 30 mil visitantes; shows, debates e homenagens marcaram o evento no Museu Nacional da República

O último dia do Festival da Consciência Negra 2025 reuniu 30 mil pessoas na área externa do Museu Nacional da República, coroando uma edição histórica que ultrapassou 100 mil visitantes ao longo dos quatro dias de celebrações. Consolidado como um dos maiores encontros de cultura afro-brasileira da capital, a festa foi realizada pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), em parceria com o Instituto Janelas da Arte, e contou com apoio da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF). Mais uma vez, o evento manteve um ritmo intenso de atividades gratuitas, reunindo formações, apresentações musicais, cortejos, debates, vivências, moda, feira afro e atrações para todas as idades.

“Encerramos esta edição com mais de 100 mil pessoas ocupando os espaços do Museu Nacional da República e celebrando a potência da cultura afro-brasileira no Distrito Federal. Este festival mostra, na prática, que política cultural transforma vidas quando chega ao povo com qualidade, diversidade e respeito à ancestralidade. Ver famílias inteiras circulando, artistas afirmando suas histórias, pensadores debatendo os rumos do país e uma multidão vibrando com nossa música é o maior sinal de que estamos no caminho certo. E seguimos, mais fortes e mais comprometidos, para garantir que as próximas edições ampliem ainda mais esse legado, valorizem nossa criação negra e mantenham viva a memória que nos trouxe até aqui”, enfatizou o titular da Secec-DF, Claudio Abrantes.

Desde a abertura das atividades, o público circulou em grande número pela exposição Retratos, que manteve fluxo constante. As crianças lotaram novamente o Espaço Kids, desta vez com contação de histórias e oficina de instrumentos de percussão, que rapidamente se tornou uma das ações mais disputadas do dia. A Feira Kitanda reuniu empreendedores negros do DF, enquanto o espaço gastronômico Sabores do Quilombo acompanhou o público até o fim da programação.

A Tenda Muntu recebeu dois momentos marcantes. A roda “Ofó Mulher – O poder da palavra feminina” reuniu Cristiane Sobral, Nanda Fer Pimenta e Dandara Suburbana, mediadas por Andressa Marques, em um encontro potente sobre expressão, ancestralidade e protagonismo.

Na sequência, veio um dos pontos altos de todo o festival: o painel “História da Consciência Negra e Desafios Contemporâneos”, com o professor Nelson Inocêncio, a professora Mariléa de Almeida e Carla Akotirene. Além do debate — impulsionado pelas provocações de Akotirene —, o momento foi marcado pela emocionante homenagem à pioneira Dona Lydia Garcia, que recebeu no palco uma coroa dourada e foi ovacionada pelo público. Primeira professora de música da rede pública do DF e figura essencial do Movimento Negro, Dona Lydia emocionou ao relembrar sua chegada a Brasília em 1959 e sua trajetória múltipla como arte-educadora, militante, musicista e fundadora de coletivos como o Mulheres Negras Baobá.

No fim da tarde, a rampa do museu se transformou em passarela a céu aberto com o desfile Amarrações, do estilista e artista visual brasiliense Victor Hugo Soulivier. Referência em upcycling e arte têxtil, reconhecido por acervos como o do Instituto Marielle Franco e por representar o Brasil na Semana de Moda de Camarões em 2024, Soulivier levou à rampa do Museu Nacional uma coleção vibrante, marcada por ancestralidade, força estética e identidade, em um dos momentos mais fotografados do evento.

Paralelamente, o Palco Brasilidades pulsou com a energia de artistas do Distrito Federal — espaço que, fiel ao mote “Raízes que Conectam o Futuro”, revela vozes, trajetórias e caminhos da música preta brasiliense. A multi-instrumentista Pratanes abriu a noite com frescor e originalidade; em seguida, o Trem das Cores agitou o público com clássicos populares da música brasileira; e Thiago Kallazans encerrou a programação com um show dançante que levantou a plateia.

Na Arena Dona Lydia, a noite começou com Carol Nogueira, seguida da potência de Dhi Ribeiro, veterana respeitada da música do DF. Marcelo Café encantou com um samba elegante, e Benzadeus transformou a arena em uma grande celebração, mantida pelo público até o último minuto da apresentação. Às 22h30, Carlinhos Brown entrou vestido de branco, saudando Brasília com carisma e entregando uma apresentação repleta de sucessos, de A Namorada e Água Mineral às canções dos Tribalistas. Nem a chuva dispersou a plateia, que cantou, dançou e respondeu às interações do artista. Encerrando a madrugada e todo o festival, o Psirico trouxe uma sequência de hits, incluindo Lepo Lepo e Mulher Brasileira, fechando a edição em clima de celebração.

O Festival da Consciência Negra encerra sua edição 2025 reforçando o impacto de políticas culturais afirmativas e a força da cultura afro-brasileira no DF. Conteúdos extras estão disponíveis no Instagram oficial do evento: @consciencianegradf.

*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF)