
Encontro em Santa Marta ocorre em meio à tensão no Caribe, após movimentação militar dos EUA na costa da Venezuela; presidente brasileiro cobra diálogo político e condena presença de navios de guerra na região
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa neste domingo (9) da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE), realizada em Santa Marta, na Colômbia. O evento reúne líderes dos 27 países da UE e das 33 nações da Celac, com o objetivo de fortalecer o diálogo político, econômico e ambiental entre as duas regiões.
Na semana passada, em entrevista a agências internacionais em Belém (PA), Lula afirmou que o encontro é um espaço adequado para discutir a recente movimentação militar dos Estados Unidos no Caribe e na costa da Venezuela. O presidente defendeu que a América Latina deve permanecer livre de conflitos armados.
“Só tem sentido a reunião da Celac, neste momento, se a gente for discutir essa questão dos navios de guerra americanos aqui nos mares da América Latina”, declarou. “Somos uma zona de paz, não precisamos de guerra aqui. O problema que existe na Venezuela é um problema político, que deve ser resolvido na política”, acrescentou Lula.
A tensão no Caribe aumentou após o envio de tropas terrestres, submarinos e navios de guerra norte-americanos à região. O governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, justificou a ação como parte do combate ao narcotráfico, mas o presidente venezuelano Nicolás Maduro afirma que a movimentação militar tem como real objetivo interferir nas reservas de petróleo do país e desestabilizar seu governo.
Durante a cúpula, os líderes devem consolidar a Declaração de Santa Marta e o Mapa do Caminho 2025–2027, que buscam transformar o diálogo birregional em medidas práticas de cooperação, especialmente nas áreas de comércio, meio ambiente, energia e direitos humanos. Também estão em pauta as negociações para a conclusão do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.
A Colômbia ocupa a presidência pro tempore da Celac em 2025, sucedendo Honduras, e será seguida pelo Uruguai em 2026. O Brasil, que havia se ausentado da cúpula por três anos, retomou sua participação em janeiro de 2023, reforçando o compromisso com a integração regional.
Lula participa apenas do primeiro dia da reunião e retorna a Belém na segunda-feira (10) para a abertura oficial da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que terá o Brasil como anfitrião.









