
A corrida de rua conquistou de vez os brasileiros. O que começou como uma prática voltada ao bem-estar transformou-se em um verdadeiro estilo de vida, movimentando milhões de pessoas em todo o país. No entanto, junto com o aumento de adeptos, cresce também o número de lesões e imprevistos causados pela falta de preparo físico e de planejamento. Especialistas em medicina do esporte reforçam que o segredo para correr bem e com segurança está tanto nos cuidados antes e depois das provas quanto nos treinos em si.
Preparação é mais do que correr
De acordo com médicos e treinadores, o erro mais comum entre corredores amadores é acreditar que apenas o volume de treinos garante bons resultados. O desempenho, no entanto, depende de uma boa periodização, que combine resistência, força e mobilidade. O fortalecimento muscular é essencial para estabilizar as articulações, reduzir o impacto e prevenir lesões em joelhos e tornozelos.
A alimentação também tem papel decisivo. O consumo de carboidratos antes da corrida ajuda a manter os níveis de energia e retardar a fadiga, enquanto proteínas e líquidos no pós-prova favorecem a recuperação muscular. A hidratação, por sua vez, deve começar com antecedência — nas 24 horas anteriores — e continuar após a chegada, garantindo a reposição de eletrólitos e líquidos perdidos.
Recuperar também faz parte do treino
A recuperação é um dos aspectos mais negligenciados por corredores iniciantes. O corpo precisa de tempo para reparar microlesões e adaptar-se ao esforço físico, processo que ocorre principalmente durante o sono. A falta de descanso pode levar ao overtraining, quadro caracterizado por queda de desempenho, dores persistentes, alterações de humor e até desequilíbrios hormonais.
Práticas como alongamentos, caminhadas leves e liberação miofascial ajudam na recuperação ativa, favorecendo a circulação e reduzindo a rigidez muscular. Sessões de massagem, crioterapia e fisioterapia preventiva também aceleram a regeneração e diminuem o risco de novas lesões.
Antes, durante e depois: o papel do acompanhamento médico
Antes de iniciar ou intensificar os treinos, é indispensável realizar uma avaliação médica, especialmente com um profissional de medicina do esporte. Exames clínicos, testes de esforço e análises laboratoriais ajudam a identificar limitações, prevenir eventos cardíacos e personalizar o plano de treinamento.
Durante as provas, respeitar os próprios limites é fundamental. Sintomas como tontura, dor no peito, palpitações, falta de ar ou câimbras intensas são sinais de alerta e exigem interrupção imediata da atividade e busca por atendimento médico.
Após a corrida, o retorno à rotina deve ser gradual. Evitar longos períodos de inatividade é importante, mas o descanso adequado entre os treinos é o que garante a recuperação muscular e articular.
A corrida de rua segue como uma das formas mais democráticas e eficazes de cuidar da saúde. Mas, como reforçam os especialistas, o equilíbrio é o que transforma o esforço em resultado. Dormir bem, alimentar-se com planejamento, treinar com orientação e respeitar o tempo do corpo são atitudes que distinguem o corredor saudável do atleta em risco. Afinal, quem cuida do corpo fora das pistas corre mais leve — e vai mais longe.









