
Número de desempregados cai para 6 milhões, o menor já registrado, enquanto renda média e massa salarial batem novo recorde; economistas destacam mercado de trabalho aquecido e desafios para o controle da inflação.
A taxa de desemprego no Brasil ficou em 5,6% no trimestre encerrado em setembro, mantendo o menor patamar da série histórica iniciada em 2012, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice iguala o resultado observado nos trimestres encerrados em julho e agosto, consolidando um cenário de mercado de trabalho aquecido.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), o resultado representa queda de 0,2 ponto percentual em relação ao trimestre de abril a junho (5,8%) e recuo de 0,8 ponto frente ao mesmo período de 2024 (6,4%).
O número de desempregados chegou a 6 milhões de pessoas, o menor contingente já registrado pela pesquisa. O total recuou 3,3% no trimestre (menos 209 mil pessoas) e 11,8% no ano (menos 809 mil). Já a população ocupada permaneceu estável, somando 102,4 milhões de trabalhadores, com alta de 1,4% no ano.
A coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, destacou que o resultado reflete a estabilidade do mercado, mas ainda depende de fatores sazonais:
“O fato de a taxa estar em 5,6% pela terceira vez não dá para dizer que é um piso, até porque há movimentos de mercado e ainda tem a sazonalidade de mais contratações no fim do ano.”
Renda e massa salarial em alta
O rendimento real habitual do trabalhador atingiu R$ 3.507, novo recorde histórico. O valor ficou estável no trimestre, mas cresceu 4% em relação ao ano anterior. A massa de rendimento real habitual — soma de todos os rendimentos do trabalho — também foi recorde, chegando a R$ 354,6 bilhões, com alta de 5,5% no ano.
Para o economista André Perfeito, o aumento sustentado da renda tende a manter a inflação de serviços pressionada:
“A persistência da elevação do rendimento médio real sugere que a inflação de serviços deve permanecer sob estresse, já que o custo com mão de obra está em alta.”
Já a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, avalia que o mercado de trabalho continuará robusto e projeta taxa de desemprego próxima a 5,5% até o fim de 2025.
“Se por um lado o mercado aquecido estimula a atividade econômica, por outro dificulta o controle da inflação. Nossa expectativa é de que o Copom mantenha os juros em 15% até o fim de 2025 e comece a reduzi-los em 2026, encerrando o ano com a Selic em 13%.”
Com desemprego em baixa e renda em alta, o país consolida uma fase de estabilidade e expansão do emprego, mas o desafio da política monetária continua sendo equilibrar crescimento e controle da inflação nos próximos trimestres.
 

