
Redução de R$ 0,14 por litro deve baratear o combustível em até R$ 0,10 nos postos, segundo estimativas de analistas; movimento pode ajudar a conter a inflação
O preço da gasolina será reduzido em 4,9% nas refinarias da Petrobras a partir desta terça-feira (21). A queda, equivalente a R$ 0,14 por litro, fará com que o valor médio cobrado pela estatal das distribuidoras passe de R$ 2,85 para R$ 2,71.
Mas afinal, quanto o consumidor sentirá no bolso? Segundo cálculos da Warren Investimentos, se a redução for totalmente repassada aos postos, o preço ao motorista deve cair cerca de R$ 0,10 por litro. Atualmente, o valor médio da gasolina no Brasil é de R$ 6,20, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
A Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis) estima impacto semelhante — entre R$ 0,09 e R$ 0,10 — mas ressalta que em regiões abastecidas por refinarias privadas ou com gasolina importada, o preço pode não mudar. Além disso, o repasse ao consumidor não é imediato, pois depende de fatores como estoques, impostos, mistura de etanol anidro e margens de lucro de distribuidores e revendedores.
Atualmente, a Petrobras representa 32,2% da composição do preço final da gasolina. O restante se divide entre impostos estaduais (23,4%), distribuição e revenda (16,9%), etanol anidro (13,2%) e impostos federais (11,2%).
Competitividade e mercado internacional
Com a redução, a gasolina deve ficar mais competitiva em relação ao etanol hidratado, pressionando as usinas sucroalcooleiras, que enfrentam margens mais apertadas e preços internacionais do açúcar em baixa.
Essa é a segunda redução da Petrobras em 2025, após o corte de 5,6% em junho. No acumulado do ano, a estatal já reduziu o preço em R$ 0,31 por litro, equivalente a 10,3%.
O movimento ocorre em um momento em que o combustível da Petrobras está mais caro que o vendido no exterior, diante de um mercado de petróleo enfraquecido. Analistas consideram a medida conservadora, pois ainda mantém os preços domésticos acima da paridade internacional, abrindo espaço para importações.
Segundo cálculos da StoneX, antes do reajuste, o preço médio da gasolina da Petrobras estava R$ 0,33 acima da paridade de importação. Após a redução, ainda ficará R$ 0,19 acima.
Thiago Vetter, consultor da StoneX, explicou que o cenário global aponta pressão de baixa sobre o petróleo, devido ao aumento da oferta pela Opep+ e às tensões comerciais entre EUA e China, que elevam a incerteza sobre a demanda mundial.
Efeito na inflação
A Warren Investimentos revisou sua projeção de inflação para 2025, reduzindo-a de 4,5% para 4,4%, considerando o efeito da queda da gasolina. Caso se confirme, o país deve encerrar o ano dentro do limite da meta de inflação, fixada em 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual.
Procurada, a Petrobras não comentou o assunto. A estatal, que antes seguia a política de preços de paridade de importação (PPI), hoje adota critérios mais flexíveis, levando em conta competitividade e logística própria para definir reajustes.