
Desenvolvido pela Universidade Estadual da Paraíba, o dispositivo muda de cor ao identificar metanol e deve chegar ao mercado nos próximos meses, após registro no INPI
Um canudo descartável capaz de detectar a presença de metanol em bebidas destiladas deve chegar ao mercado brasileiro com o preço estimado de R$ 2. A tecnologia foi desenvolvida ao longo dos últimos dois anos pelo Departamento e Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e promete ser uma solução acessível para prevenir intoxicações.
O produto, em fase de registro de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), surge em um momento crítico, em que casos de envenenamento por metanol vêm crescendo no país. Os primeiros protótipos já estão sendo utilizados dentro do campus da UEPB.
Embora o valor estimado seja baixo, o professor e pesquisador Félix Brito explicou à IstoÉ que o preço final ainda não foi oficialmente definido. “Estamos focados na viabilidade e na acessibilidade. O mais importante é garantir que o produto chegue às pessoas com segurança e eficácia”, afirmou.
Segundo a universidade, grandes empresas já demonstraram interesse em produzir o canudo em larga escala, mas ainda não há decisão sobre a transferência de tecnologia. A UEPB estuda a possibilidade de manter a produção sob controle público, em parceria com o governo federal, para garantir o acesso amplo ao produto.
A tecnologia foi financiada pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), com investimento de R$ 725 mil, que também possibilitou a criação do Laboratório de Tecnologia da Cachaça em Campina Grande.
De acordo com os pesquisadores, o funcionamento do dispositivo é simples e eficiente, inspirado em testes rápidos de gravidez. O canudo possui substâncias químicas nas paredes internas que, ao entrarem em contato com o metanol por capilaridade, mudam de cor imediatamente, sinalizando a contaminação da bebida.
Além do canudo, a UEPB também desenvolve outro método inovador para detecção de substâncias tóxicas em bebidas lacradas, utilizando radiação infravermelha para identificar compostos perigosos sem abrir a embalagem.
Com a previsão de lançamento nos próximos meses, a iniciativa da UEPB coloca a Paraíba na vanguarda da pesquisa científica voltada à segurança alimentar e combate à falsificação de bebidas no Brasil.