Dois em cada três trabalhadores brasileiros ganham até dois salários mínimos, aponta Censo 2022

© Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

 

Levantamento do IBGE revela forte concentração de renda e desigualdade regional; apenas 0,7% da população recebe mais de 20 salários mínimos

 


O Censo Demográfico de 2022, divulgado nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que 68,1% dos trabalhadores do país recebem até dois salários mínimos por mês — o equivalente a R$ 2.424, considerando o valor do mínimo em 2022 (R$ 1.212). O levantamento confirma a forte concentração de renda no Brasil e evidencia as diferenças econômicas entre as regiões.

A maior parte da força de trabalho nacional (32,7%) tem rendimento entre um e dois salários mínimos, enquanto 24,2% recebem entre meio e um salário mínimo. Somando esses grupos, mais de um terço da população ocupada (35,3%) vive com até um salário mínimo mensal, enquanto apenas 7,6% têm rendimentos acima de cinco salários (R$ 6.060).

No topo da pirâmide, apenas 0,7% dos brasileiros ganham mais de 20 salários mínimos (R$ 24.240). O mesmo percentual foi registrado para quem ganha entre 15 e 20 salários.

As desigualdades também se refletem regionalmente. Em 2022, o rendimento médio nacional foi de R$ 2.851, mas os valores ficaram bem abaixo desse patamar nas regiões Norte (R$ 2.238) e Nordeste (R$ 2.015). Por outro lado, a Região Centro-Oeste apresentou o maior rendimento médio (R$ 3.292), seguida pelas regiões Sul (R$ 3.190) e Sudeste (R$ 3.154).

Entre os estados, apenas nove das 27 unidades da federação registraram rendimentos acima da média nacional. O Distrito Federal lidera o ranking, com R$ 4.715, valor 65% superior à média brasileira.

O levantamento também destaca contrastes municipais. Em 520 cidades brasileiras, o rendimento médio mensal de trabalhadores ficou abaixo de um salário mínimo, enquanto 19 municípios apresentaram média superior a quatro salários mínimos.

Os menores rendimentos foram observados em Cachoeira Grande (MA), com R$ 759, Caraúbas do Piauí (PI), com R$ 788, e Mulungu do Morro (BA), com R$ 805. Já os maiores foram registrados em Nova Lima (MG), com R$ 6.929, seguida de São Caetano do Sul (SP) e Santana de Parnaíba (SP), com R$ 6.167 e R$ 6.081, respectivamente.

O Censo de 2022 reforça o desafio histórico do país em reduzir as disparidades econômicas e aponta que a maioria da população brasileira ainda vive com rendimentos muito próximos do mínimo nacional, evidenciando a persistente desigualdade social e regional.