
Moradores de Gaza temem uma “farsa” enquanto parte da população israelense vê possibilidade de fim da guerra
Os moradores da Faixa de Gaza receberam com desconfiança o plano de paz apresentado nesta segunda-feira (29) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao lado do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, na Casa Branca. A proposta, que reúne 20 pontos, prevê cessar-fogo, libertação de reféns pelo Hamas, desarmamento do grupo islamista e retirada gradual das tropas israelenses do território.
Entre os palestinos, predomina o ceticismo. Muitos consideram o documento “irrealista” e acreditam que ele foi elaborado com condições que o Hamas dificilmente aceitará. Para Ibrahim Joudeh, de 39 anos, deslocado em Al Mawasi, o plano “significa que a guerra e o sofrimento vão continuar”. Outros, como Abu Mazen Nassar, de 52, veem a proposta como uma “manipulação”, temendo que sirva apenas para forçar a libertação dos reféns sem garantias concretas de paz.
Já em Israel, as reações foram marcadas por uma esperança cautelosa. Em Tel Aviv, familiares de reféns realizaram manifestações, levantando bandeiras e cartazes com rostos de vítimas do Hamas. Hannah Cohen, tia de uma refém assassinada, disse estar otimista, mas ainda com “muito medo” de novas decepções. Para Gal Goren, que perdeu os pais nos ataques de outubro de 2023, a iniciativa representa uma chance de encerrar o conflito.
O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 deixou 1.219 mortos em Israel, a maioria civis, e resultou no sequestro de 251 pessoas. Hoje, 47 ainda permanecem em Gaza, sendo 25 já considerados mortos pelo Exército israelense. Do outro lado, a ofensiva israelense matou mais de 66 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde local, em números reconhecidos pela ONU.
Entre a descrença em Gaza e a expectativa contida em Israel, o futuro do plano de paz de Trump permanece incerto — refletindo a longa trajetória de promessas frustradas e acordos rompidos que marcaram décadas de conflito na região.