PF abre inquérito para investigar adulteração de bebidas com metanol

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Casos em São Paulo já deixaram três mortos; suspeita é de ligação com facção criminosa

 

 

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciou nesta terça-feira (30) que a Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar os casos de adulteração de bebidas alcoólicas com metanol. Segundo o ministro, a corporação vai apurar a origem da substância e sua possível rede de distribuição.

“No momento, as ocorrências estão concentradas em São Paulo, mas tudo indica que há uma distribuição para além do estado”, afirmou Lewandowski. A contaminação foi identificada em vodka, gin e whisky.

Nos últimos dias, dez casos de intoxicação estão sob investigação em São Paulo, com três mortes confirmadas — duas na capital e uma em São Bernardo do Campo. Uma força-tarefa estadual e municipal apreendeu 117 garrafas de bebidas sem rótulo ou comprovação de procedência na capital paulista.

Suspeita de envolvimento do PCC

A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) levantou a suspeita de que o Primeiro Comando da Capital (PCC) esteja envolvido na adulteração. Segundo a entidade, o metanol utilizado pode ser o mesmo importado ilegalmente pela facção para adulterar combustíveis, prática identificada recentemente pela Operação Carbono.

De acordo com a ABCF, o fechamento de formuladoras de combustível ligadas ao crime organizado pode ter levado à revenda clandestina do metanol para falsificação de bebidas, gerando lucros milionários em prejuízo à saúde pública.

Risco à saúde

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, informou que 17 casos suspeitos de intoxicação por metanol foram registrados no país entre agosto e setembro. Ele classificou a situação como “anormal e sem precedentes na série histórica”, já que os episódios de envenenamento não seguem o padrão habitual associado a tentativas de suicídio ou consumo por moradores de rua.

O Ministério da Saúde vai publicar uma nota técnica com orientações para identificar sinais e sintomas clínicos da intoxicação, além de instruções sobre o uso de antídotos específicos.

As autoridades sanitárias recomendam que bares, restaurantes e distribuidores reforcem a checagem da procedência das bebidas comercializadas. Para consumidores, a orientação é evitar produtos sem rótulo, lacre de segurança ou selo fiscal até que as investigações sejam concluídas.