Mais de 70% das exportações brasileiras aos EUA seguem com tarifas adicionais, aponta CNI

 

Mesmo após revisão da Casa Branca, 6.033 produtos brasileiros continuam sujeitos a sobretaxas; CNI cobra avanço nas negociações bilaterais


Apesar da recente atualização do anexo de exceções tarifárias pelos Estados Unidos, 73,8% das exportações brasileiras para o país norte-americano ainda estão sujeitas a tarifas adicionais, segundo levantamento divulgado nesta quinta-feira (26) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A nova análise mostra que 6.033 produtos brasileiros seguem sendo sobretaxados, número pouco abaixo dos 6.037 itens que estavam na lista antes da revisão, quando a taxa atingia 77,8% das exportações nacionais ao mercado norte-americano.

A medida mais recente da Casa Branca, por meio de uma nova Ordem Executiva, retirou 39 produtos da lista de tarifas adicionais — incluindo minerais críticos, químicos industriais, metais preciosos e produtos de cobre. Desses, 13 foram exportados pelo Brasil em 2024, somando US$ 1,7 bilhão, o equivalente a 4,1% do total exportado aos EUA. Destacam-se na lista ferroníquel e pastas químicas de madeira conífera e não conífera, agora isentos de taxas adicionais.

Contudo, a maior parte da pauta comercial brasileira segue afetada, inclusive com alterações que aumentam a carga tributária sobre alguns produtos. Segundo a CNI, outros dez itens, antes taxados em 50%, agora têm uma tarifa adicional de 40%, ainda significativa.

Exclusões e novas sobretaxas

A nova norma também retirou 84 códigos da lista de isenção tarifária, em sua maioria referentes a produtos de cobre (76 códigos). A exclusão ocorreu sob a justificativa de que esses itens já estavam contemplados por outras normativas anteriores.

Além disso, um novo código passa a ser tributado com tarifa total de 50%, considerando a tarifa recíproca de 10% e uma tarifa adicional de 40% específica ao Brasil, além da incidência de sobretaxa sobre conteúdo de aço e alumínio.

Outros sete códigos, relacionados a insumos químicos e plásticos industriais, também deixaram a lista de isenções. As exportações brasileiras desses itens somaram US$ 135,1 milhões em 2024 — agora todos sujeitos a tarifas de até 50%.

CNI pede avanço nas negociações com os EUA

Diante do cenário, o presidente da CNI, Ricardo Alban, cobrou avanço nas tratativas diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos:

“Ainda temos uma parcela altíssima da pauta afetada. O cenário reforça a urgência de avançarmos na negociação. Vemos com entusiasmo a sinalização de uma reunião entre Lula e Trump na próxima semana e esperamos que seja o início de uma negociação oficial para reverter esse cenário. A situação que temos hoje não beneficia ninguém”, declarou.

A CNI reforça que a manutenção das tarifas impacta diretamente a competitividade da indústria nacional e a balança comercial entre os dois países. A entidade defende que eventuais medidas de reciprocidade sejam substituídas por soluções diplomáticas e técnicas que favoreçam o comércio bilateral.