Lula abre desfile de 7 de Setembro em Brasília sob gritos de “sem anistia” e “soberania não se negocia”

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

Evento reuniu cerca de 45 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios e ocorreu em meio à crise diplomática com os EUA e ao julgamento de Jair Bolsonaro no STF

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu, neste domingo (7), o desfile cívico-militar do Dia da Independência, em Brasília, marcado por manifestações da plateia com gritos de “sem anistia” e “soberania não se negocia”. O evento, realizado na Esplanada dos Ministérios, reuniu cerca de 45 mil pessoas, segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom).

Lula chegou acompanhado da primeira-dama Janja da Silva em carro aberto, o Rolls-Royce presidencial, após passar em revista às tropas. Na tribuna das autoridades, foi recebido pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e pelos comandantes das Forças Armadas.

Este ano, o desfile ocorre em meio à crise bilateral entre Brasil e Estados Unidos, após o presidente norte-americano, Donald Trump, impor tarifas comerciais contra o país em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O episódio coincide com o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe e abolição do Estado Democrático de Direito, que deve ser concluído nesta semana.

Temas e mensagens

O desfile teve como eixo central a soberania nacional, reforçada pelo lema “Brasil Soberano” estampado em bonés distribuídos ao público e na decoração da tribuna. Outros blocos destacaram os temas “Brasil dos Brasileiros”, “Brasil do Futuro”, a COP30 — marcada para novembro em Belém — e o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Em pronunciamento transmitido em rede nacional na véspera do 7 de Setembro, Lula defendeu a união em torno da democracia, das instituições e da proteção ambiental. Durante o desfile, a segurança na Esplanada e na Praça dos Três Poderes foi reforçada, também em função do julgamento de Bolsonaro no STF.

Protestos e apresentações

Enquanto as tropas marchavam, manifestantes voltaram a criticar tentativas de aliados bolsonaristas e partidos de oposição de aprovar um projeto de lei de anistia no Congresso para livrar o ex-presidente e apoiadores de responsabilização pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

A programação, que durou cerca de duas horas, contou com desfiles militares, apresentação de estudantes de escolas públicas, forças de segurança do Distrito Federal e o tradicional show aéreo da Esquadrilha da Fumaça. Antes de deixar o local, Lula desceu da tribuna para cumprimentar o público nas arquibancadas.

Autoridades presentes e ausências

Além de Lula e da primeira-dama, o evento contou com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin e do presidente da Câmara, Hugo Motta. O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, não participou por estar em viagem oficial à França. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, também não compareceu, por compromissos no Amapá.

A maioria dos ministros de Estado acompanhou o desfile, entre eles Simone Tebet (Planejamento), Camilo Santana (Educação), Marina Silva (Meio Ambiente), Ricardo Lewandowski (Justiça), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Margareth Menezes (Cultura) e Mauro Vieira (Relações Exteriores). Já os titulares da Fazenda, Fernando Haddad; da Agricultura, Carlos Fávaro; e do Trabalho, Luiz Marinho, estiveram ausentes.