
Ex-presidente enfrenta risco de até 43 anos de prisão e vê futuro político ameaçado
Preso em regime domiciliar desde agosto, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) encara nesta semana um dos momentos mais decisivos de sua trajetória política e pessoal. A partir desta terça-feira (2), às 9h, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) inicia o julgamento que poderá definir seu futuro penal e político.
Bolsonaro é acusado de liderar uma organização criminosa que teria articulado um golpe de Estado após sua derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-presidente editou uma minuta golpista, pressionou as Forças Armadas a aderirem ao plano e incentivou ataques ao sistema eleitoral brasileiro.
Ele responde a cinco crimes:
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tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
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golpe de Estado;
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organização criminosa;
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deterioração de patrimônio tombado;
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dano qualificado contra patrimônio da União.
As penas, somadas, podem ultrapassar 43 anos de prisão. Caso condenado, Bolsonaro poderá cumprir prisão preventiva em cela especial na Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
Réus e bastidores
Além do ex-presidente, sete aliados próximos também serão julgados: Alexandre Ramagem, Almir Garnier Santos, Anderson Torres, Augusto Heleno, Mauro Cid (delator), Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Todos são apontados pela PGR como parte do núcleo central da trama.
Nos bastidores do STF, cresce a expectativa por uma condenação, mas a principal dúvida é se a decisão será unânime ou se haverá dissidência. O ministro Luiz Fux pode votar de forma divergente em relação ao relator Alexandre de Moraes, repetindo posicionamentos anteriores.
Futuro político em xeque
Inelegível até 2030 por condenações no TSE, Bolsonaro corre risco de ver seu capital político ruir definitivamente em caso de sentença criminal desfavorável. Apesar da esperança de aliados de reverter decisões futuras com a presidência do TSE nas mãos do ministro Kassio Nunes Marques em 2026, uma condenação criminal poderia encerrar de vez suas ambições eleitorais, em razão da Lei da Ficha Limpa.