Brasil reconhece tratado de neutralidade do Canal do Panamá e reforça parceria com país

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Durante visita oficial, Lula defende soberania panamenha diante de ameaças externas e firma acordos em logística, agricultura, defesa e saúde


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, nesta quinta-feira (28), o reconhecimento direto do Brasil ao tratado sobre a neutralidade permanente e a operação do Canal do Panamá. A declaração ocorreu durante a visita oficial do presidente panamenho, José Raúl Mulino, a Brasília.

Em seu discurso, Lula destacou que o Brasil apoia integralmente a soberania do Panamá sobre o canal, administrado há mais de 25 anos pelo país com eficiência e neutralidade. O presidente brasileiro também criticou tentativas de ingerência externa, citando as recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre retomar o controle da via interoceânica.

O tratado de neutralidade do Canal do Panamá integra os Tratados Torrijos-Carter, assinados em 1977, que transferiram a administração da rota marítima para o Panamá em 1999. O Brasil, membro da Organização dos Estados Americanos (OEA), reforçou sua adesão ao acordo, que garante trânsito seguro e não discriminatório a embarcações de todo o mundo.

Durante o encontro, Brasil e Panamá assinaram memorando de entendimento entre o Ministério dos Portos e Aeroportos e a Autoridade do Canal do Panamá. O objetivo é otimizar exportações brasileiras e modernizar operações portuárias por meio de intercâmbio de experiências, estudos sobre novas rotas e adoção de práticas mais sustentáveis.

Outros acordos foram firmados nas áreas de agricultura, pecuária, defesa e saúde. A Embraer anunciou a venda de quatro aeronaves A-29 Super Tucano ao Serviço Nacional Aeronaval do Panamá. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) atuará no fortalecimento da produção de vacinas e no desenvolvimento de um polo farmacêutico regional.

No campo ambiental, Lula convidou o Panamá a aderir ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que será lançado na COP30, em Belém. O presidente ressaltou que Brasil e Panamá, países com vasta biodiversidade, devem ser recompensados por preservar suas florestas.

Mulino, por sua vez, destacou os impactos da mudança climática e da migração irregular na região do Darién, além das secas que afetam o abastecimento de água do Canal. Ele confirmou sua participação na COP30 e defendeu maior cooperação internacional para enfrentar os desafios climáticos.