
Silêncio da esquerda do DF diante de escândalo bilionário expõe fragilidade política
O Distrito Federal assiste, perplexo, à apatia de parte expressiva de sua representação política diante do maior esquema de corrupção já revelado no país — um rombo estimado em R$ 6,3 bilhões, sustentado por práticas de corrupção, lavagem de dinheiro e falsificação de documentos.
A CPMI do maior roubo da história do Brasil abre sua primeira sessão nesta quarta-feira (27), com a votação de pelo menos 35 requerimentos entre quase mil já protocolados. A expectativa é de forte embate, mas o que chama atenção é o silêncio calculado da esquerda brasiliense.
A senadora Leila Barros (PDT-DF) sequer toca no assunto, mesmo diante das suspeitas que rondam o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi, apontado por omissão, e de dirigentes sindicais e associativos beneficiados pelo desvio bilionário. O deputado federal Reginaldo Veras (PT-PcdoB-PV) segue a mesma linha de silêncio, reforçando a blindagem política.
O ex-governador e atual deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB), que assumiu vaga deixada por decisão judicial contra Gilvan Máximo, articula-se com a base governista em busca de reação, após a derrota de Lula na disputa pelo comando da comissão.
Enquanto isso, nomes de peso da esquerda, como a deputada federal Erika Kokay (PT) e a ministra de Relações Institucionais Gleisi Hoffmann, participaram de reunião estratégica nesta segunda (25) para alinhar o discurso governista. Nenhuma delas, no entanto, se posicionou em defesa das investigações do escândalo que atinge diretamente aposentados e pensionistas, vítimas de descontos indevidos em seus benefícios.
Do outro lado, o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), promete endurecer: “Queremos identificar todos os ladrões, vê-los na cadeia e garantir a devolução do dinheiro desviado”, disse.
O caso expõe não apenas a magnitude do roubo bilionário, mas também a tentativa de setores políticos de sufocar a apuração em nome de conveniências partidárias. O silêncio da esquerda do DF ecoa como cumplicidade diante de um crime que mutilou direitos de milhares de brasileiros.
Em contato com a redação, a assessoria de comunicação da senadora Leila encaminhou o requerimento de convocação do ex-ministro Carlos Lupi.