Petrobras inicia simulado para tentar licença de exploração na Margem Equatorial

© Divulgação/Petrobrás

 

Avaliação pré-operacional no bloco FZA-M-59, na Bacia da Foz do Amazonas, mobiliza mais de 400 profissionais e é a última etapa antes da liberação ambiental pelo Ibama

A Petrobras e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) iniciam neste domingo (24) a avaliação pré-operacional (APO) no bloco marítimo FZA-M-59, localizado na Bacia da Foz do Amazonas, na chamada Margem Equatorial. O procedimento é a última etapa exigida para a concessão de licença ambiental de exploração de petróleo na região.

A APO consiste em um amplo simulado de emergência, programado para durar entre três e quatro dias, no qual serão testadas a capacidade de resposta a acidentes com derramamento de óleo, a eficiência de equipamentos e a proteção à fauna. Mais de 400 pessoas estão envolvidas na operação, incluindo médicos veterinários, biólogos e especialistas em monitoramento ambiental.

A estrutura mobilizada pela estatal inclui uma sonda, três helicópteros, seis embarcações de contenção e recolhimento de óleo, um avião, duas unidades de atendimento à fauna (em Belém e no Oiapoque) e outras seis embarcações voltadas para resgate de animais. A sonda NS-42 está posicionada no poço Morpho 1-APS-57, onde será feita a perfuração caso a licença seja autorizada.

A Margem Equatorial é considerada a nova fronteira exploratória do setor, com grande potencial de produção. A região ganhou destaque após descobertas de petróleo na Guiana, Guiana Francesa e Suriname. No Brasil, a faixa se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá. Atualmente, a Petrobras só tem permissão para perfurar dois poços no Rio Grande do Norte.

O processo, entretanto, enfrenta resistência. Ambientalistas alertam para riscos aos ecossistemas sensíveis da região e apontam contradições em relação à agenda de transição energética. Em maio de 2023, o Ibama chegou a negar a licença para perfurações na Foz do Amazonas, mas a Petrobras recorreu da decisão e espera uma reconsideração.

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a companhia mobilizou no Amapá “a maior estrutura de resposta a ocorrências já organizada pela empresa”. Segundo a estatal, a demora na liberação da licença gera custo de cerca de R$ 4 milhões por dia.

O tema divide governo e sociedade. Enquanto o Ministério de Minas e Energia e setores do Congresso, como o senador Davi Alcolumbre (União-AP), pressionam pela autorização, entidades científicas, como a Academia Brasileira de Ciências (ABC), pedem mais estudos antes do início da exploração.