4ª Conferência Nacional de Economia Popular e Solidária aprova 80 propostas para políticas públicas

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

Evento nacional reuniu milhares de participantes em Luziânia (GO) e propôs criação de ministério e fundo nacional para o setor

A 4ª Conferência Nacional de Economia Popular e Solidária (Conaes) foi encerrada neste sábado (16), em Luziânia (GO), com a aprovação de 80 propostas de políticas públicas que serão entregues ao governo federal. O encontro, realizado no Centro de Treinamento da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI), marcou a retomada de uma iniciativa de participação social interrompida desde 2014, quando foi elaborado o 1º Plano Nacional de Economia Popular e Solidária.

O setor da economia popular e solidária é composto por cooperativas, redes de produção e comercialização, associações e empreendimentos baseados na autogestão, no cooperativismo, na solidariedade e no comércio justo — um modelo alternativo de organização econômica que tem como foco o fortalecimento de comunidades e a inclusão social.

Retomada da participação social

A conferência foi aberta na quarta-feira (13) e, segundo o secretário nacional de Participação Social, Renato Simões, além de atualizar o plano nacional do setor, o evento integra a Estratégia Nacional de Participação Social, relançada em 2023. Desde então, foram restabelecidos 100 conselhos nacionais e realizadas 28 conferências, com o objetivo de reconstruir espaços democráticos de escuta e formulação de políticas públicas com a população.

“Foi um processo muito rico de reconstrução dessa participação desde a base até o plano nacional, na reconstrução das políticas públicas”, afirmou Simões no encerramento do evento.

Etapas e mobilização nacional

O 4º Conaes sintetizou os debates realizados em 185 conferências locais, 27 estaduais e 14 temáticas, que contaram com a participação de aproximadamente 6 mil pessoas de 1.584 municípios de todas as regiões do Brasil.

As 80 propostas aprovadas foram organizadas em quatro eixos temáticos:

  1. Produção, comercialização e consumo

  2. Financiamento, crédito e finanças públicas

  3. Educação, formação e assessoramento técnico

  4. Ambiente institucional, legislação, gestão e integração de políticas públicas

Principais propostas

Entre as principais demandas aprovadas na conferência estão:

  • Criação de um Ministério da Economia Popular e Solidária

  • Implementação de centros públicos de economia solidária nos municípios e territórios

  • Estabelecimento de um Programa Nacional de Feiras da Economia Popular Solidária

  • Criação de um Sistema Nacional de Finanças Solidárias

  • Formação de um Fundo Rotativo Nacional de Economia Solidária

  • Destinação de ao menos 0,1% do orçamento público federal para iniciativas como assistência técnica, formação de educadores e apoio à autogestão nos empreendimentos

Além das propostas, a plenária final da conferência aprovou 17 moções, que serão incluídas no relatório final e encaminhadas aos órgãos públicos competentes.

Caminhos para a institucionalização

As propostas agora serão sistematizadas e entregues ao governo federal, com o objetivo de influenciar a formulação de políticas públicas estruturantes para o fortalecimento da economia solidária no Brasil. A expectativa do setor é que essa retomada, após mais de uma década, represente um avanço na institucionalização e no reconhecimento da economia popular como um modelo viável e estratégico de desenvolvimento socioeconômico.