Fiocruz e EMS firmam acordo para produção nacional de canetas emagrecedoras

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Parceria prevê transferência de tecnologia para fabricação de fármacos usados no tratamento da obesidade e diabetes tipo 2, marcando avanço na autonomia farmacêutica do Brasil


A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), firmou um acordo com a farmacêutica EMS para a produção nacional dos princípios ativos liraglutida e semaglutida, utilizados em medicamentos voltados ao tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2. O anúncio da parceria foi feito na quarta-feira (6) e representa um avanço significativo para a autonomia produtiva da indústria farmacêutica brasileira.

O acordo estabelece a transferência de tecnologia tanto da síntese do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) quanto do medicamento final para Farmanguinhos, unidade técnico-científica da Fiocruz. Inicialmente, a produção será realizada na fábrica da EMS em Hortolândia (SP), e posteriormente será transferida para o Complexo Tecnológico de Medicamentos de Farmanguinhos, no Rio de Janeiro.

A liraglutida é o princípio ativo dos medicamentos Olire (obesidade) e Lirux (diabetes tipo 2), produzidos pela EMS e já comercializados no Brasil, além dos conhecidos Saxenda e Victoza, da Novo Nordisk. Já a semaglutida é o componente presente no Ozempic (diabetes tipo 2) e Wegovy (obesidade e sobrepeso), ambos ainda protegidos por patente, prevista para expirar em março de 2026.

Essas moléculas são análogas ao hormônio GLP-1, que regula o apetite e os níveis de glicose no sangue, atuando no controle do peso corporal e na melhora da sensibilidade à insulina. A semaglutida, segundo especialistas, apresenta maior eficácia na perda de peso e no controle glicêmico, sendo um dos medicamentos mais promissores na atualidade.

“Este é um marco histórico para a EMS e para a indústria farmacêutica nacional”, afirmou Carlos Sanchez, presidente da EMS. “Desenvolver, registrar e produzir medicamentos de alta complexidade com tecnologia 100% brasileira e transferi-la à Fiocruz reafirma nosso compromisso com a inovação.”

Para a vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Priscila Ferraz, a parceria fortalece a capacidade tecnológica da instituição e amplia o acesso da população a medicamentos estratégicos. “Esta iniciativa contribui para a diversificação de parceiros e para a ampliação do portfólio de produção da Fiocruz”, destacou.

Com o acordo, o Brasil dá um passo importante rumo à soberania tecnológica em saúde, garantindo mais acesso e preços potencialmente mais baixos para medicamentos de alto custo, hoje em grande parte importados.