SBP cobra ampliação da licença-paternidade no Brasil

Foto de Kelli McClintock na Unsplash

Entidade pede apoio do Congresso a projetos que aumentam o tempo de afastamento dos pais para até 60 dias; hoje são apenas cinco

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou nesta terça-feira (5) uma carta aberta aos parlamentares brasileiros, defendendo a ampliação da licença-paternidade para pelo menos quatro semanas. A entidade cobra a aprovação de projetos de lei que tramitam há anos no Congresso sem definição.

No documento, a SBP se une à Coalizão Licença Paternidade (CoPai), formada por especialistas, entidades científicas e organizações da sociedade civil que atuam em defesa da parentalidade ativa como estratégia de desenvolvimento humano e justiça social.

Hoje, a licença-paternidade no Brasil é de apenas cinco dias corridos, segundo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Para a SBP, esse modelo está desatualizado e desalinhado com evidências científicas, que apontam os benefícios da presença paterna nos primeiros dias de vida do bebê.

Pais mais presentes: impacto positivo no desenvolvimento infantil

A SBP e a CoPai defendem que a licença-paternidade seja ampliada para entre 30 e 60 dias, ou seja, até 12 vezes mais do que o período atual. “Ampliar o prazo de concessão desse direito já previsto na CLT repercute positivamente na saúde e no desenvolvimento das crianças, além de fortalecer os laços familiares”, argumenta a carta.

Entre os benefícios apontados, estão:

  • Apoio ao aleitamento materno

  • Contribuição ao desenvolvimento neurocognitivo do bebê

  • Estreitamento do vínculo afetivo entre pai e filho(a)

  • Divisão mais justa das tarefas parentais nos primeiros dias após o nascimento

“Garantir o início da vida com presença, afeto e suporte é uma responsabilidade compartilhada”, ressalta o texto.

Um direito de todos, não um privilégio

O documento ainda destaca que diversos países já adotam modelos de licença parental compartilhada, permitindo que mães e pais dividam, de forma flexível, o tempo dedicado aos cuidados com o recém-nascido.

Ao concluir a carta, a SBP faz um apelo direto:

“Licença-paternidade não é luxo. É cuidado, é saúde, é desenvolvimento. E, sobretudo, é um direito de crianças e famílias que desejam começar a vida com mais afeto, apoio e dignidade.”

A entidade pede que o Congresso Nacional avance com a votação dos projetos em tramitação, a fim de garantir mais equidade, bem-estar e saúde pública desde os primeiros dias de vida.