
Ministro Fernando Haddad indica possibilidade de cooperação estratégica e revela plano de contingência para enfrentar tarifas norte-americanas
O Brasil pode incluir os minerais críticos e as terras raras nas negociações comerciais com os Estados Unidos, informou nesta segunda-feira (4) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em entrevista à BandNews, Haddad afirmou que um possível acordo com o governo norte-americano está em discussão e pode envolver cooperação tecnológica para a produção de baterias e equipamentos de inteligência artificial (IA).
“Temos minerais críticos e terras raras. Os Estados Unidos não são ricos nesses minerais. Podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes”, afirmou o ministro. Recursos como lítio e nióbio são cada vez mais valorizados globalmente devido à sua aplicação em baterias de veículos elétricos, dispositivos eletrônicos e data centers, áreas estratégicas para a economia digital e energética do futuro.
A declaração ocorre em meio às tensões comerciais entre os dois países, impulsionadas pela reimposição de tarifas por parte do governo dos EUA sobre produtos brasileiros. Para enfrentar os impactos da medida, o governo federal prepara um plano de contingência, que deve ser anunciado até esta quarta-feira (6), data prevista para o início da nova rodada de tarifas. Segundo Haddad, as ações emergenciais já estão prontas.
O pacote inclui linhas especiais de crédito e estímulo à compra governamental de produtos brasileiros afetados. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, confirmou que o plano está concluído.
Sobre a possibilidade de avanços nas negociações tarifárias, Haddad sinalizou otimismo cauteloso e não descartou novas concessões por parte dos EUA. “Creio que alguma coisa ainda pode acontecer até o dia 6. Não vamos sair da mesa de negociação enquanto não houver um entendimento baseado em interesses mútuos”, declarou.
O ministro também reiterou que os termos atuais propostos pelo governo norte-americano são inaceitáveis e que o Brasil não aceitará acordos prejudiciais à sua economia. Entre os setores que podem ser excluídos da lista de tarifas, está o café. Após reunião com Alckmin, o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcio Ferreira, disse haver 50% de chances de o setor escapar da taxação de 50%.
As negociações seguem em curso e colocam em pauta não apenas tarifas comerciais, mas também o papel estratégico do Brasil na cadeia global de tecnologia verde e digital, abrindo possibilidades de uma cooperação mais ampla com os Estados Unidos.