Estudo aponta que muitos aneurismas cerebrais podem ser acompanhados sem cirurgia

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Um novo estudo publicado na prestigiada revista médica New England Journal of Medicine (NEJM) traz uma importante atualização para o manejo de aneurismas cerebrais não rompidos. A pesquisa reforça um consenso crescente entre especialistas: a maioria desses casos, especialmente quando envolvem aneurismas pequenos e localizados em áreas de menor risco, pode ser acompanhada com segurança por meio de monitoramento clínico, sem necessidade imediata de cirurgia.

Aneurismas pequenos: baixo risco de ruptura

Segundo o estudo, aneurismas com menos de 7 milímetros e situados na circulação anterior do cérebro apresentam risco de ruptura inferior a 1% ao ano. O dado desafia a percepção comum — muitas vezes carregada de medo — de que todo aneurisma é uma “bomba-relógio” prestes a explodir.

Para os especialistas, essa evidência muda a abordagem clínica: a simples presença do aneurisma não implica urgência cirúrgica. Em vez disso, muitos pacientes podem ser tranquilamente acompanhados com exames regulares e orientações médicas personalizadas.

Quando é preciso mais atenção

O artigo também destaca casos que merecem avaliação mais rigorosa. Aneurismas localizados na circulação posterior do cérebro, com formato irregular ou que demonstram crescimento ao longo do tempo em exames de imagem seriados, exigem atenção especial. Nestes casos, uma intervenção pode ser considerada, mas sempre com base no contexto clínico do paciente.

Medicina personalizada e centrada no paciente

Para os autores do estudo, o grande mérito da pesquisa é reforçar a importância de uma decisão médica individualizada. Em vez de adotar uma conduta padronizada de operar ou não operar, o foco deve ser em entender quem realmente se beneficia da intervenção cirúrgica e quem pode ser tratado com acompanhamento.

“Essa decisão exige conhecimento técnico, experiência clínica e, sobretudo, escuta ativa do paciente”, destaca o artigo. Em tempos de medicina centrada na pessoa, o envolvimento do paciente nas decisões sobre seu tratamento é visto como fundamental para evitar tanto riscos desnecessários quanto intervenções excessivas.

“Fazer menos” também é cuidar

O estudo do NEJM representa mais uma peça no complexo quebra-cabeça do tratamento dos aneurismas cerebrais não rotos. Ao oferecer evidências robustas sobre os baixos riscos em muitos casos, a publicação convida a comunidade médica a refletir sobre o papel da prudência terapêutica.

A mensagem final é clara: em alguns contextos, fazer menos não é negligenciar, mas sim uma forma consciente e cuidadosa de tratar — com base em ciência, diálogo e respeito às escolhas individuais.