
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (1º) que o governo brasileiro está empenhado em ampliar a cooperação econômica com os Estados Unidos, mesmo diante da recente decisão do governo norte-americano de impor tarifas adicionais a produtos brasileiros. Segundo ele, embora haja concorrência em setores como grãos e carnes, os dois países têm “muito espaço para parcerias”.
“Não tem essa do Brasil cair no colo de A, B ou C. O Brasil é grande demais. Podemos realmente estreitar os laços de cooperação, desde que seja bom para os dois lados”, declarou Haddad, destacando que os norte-americanos ainda participam pouco de licitações no país. “Nossa infraestrutura está crescendo como há muito tempo não se vê. Os EUA podem, sim, participar mais da nossa economia. Estamos abertos.”
Plano de contingência será anunciado
Diante do impacto das novas tarifas, o governo prepara um plano de contingência para proteger os setores mais afetados. Segundo Haddad, as medidas já estão em fase final de formulação e poderão ser anunciadas na próxima semana pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Estamos encaminhando para o Palácio do Planalto as primeiras medidas formatadas para que o presidente julgue a oportunidade e a conveniência de soltá-las. A partir da semana que vem, já vamos poder, a depender da decisão do presidente, tomar medidas de proteção da indústria e da agricultura nacionais”, afirmou.
Haddad destacou que o governo está conduzindo os esforços em parceria com o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, e com apoio do Itamaraty, para dialogar com autoridades norte-americanas e esclarecer informações distorcidas sobre a economia e a democracia brasileira.
Ajustes e foco no mercado interno
De acordo com o ministro, o plano ainda está sendo calibrado com sindicatos, empresários e a Casa Civil. O objetivo é dimensionar os recursos necessários para apoiar as empresas afetadas e entender quais setores poderão redirecionar a produção para o mercado interno, que, segundo ele, está aquecido.
“A renda está crescendo no Brasil, o desemprego está na mínima histórica. Então você tem aqui no mercado doméstico uma opção”, disse Haddad. Ele citou como exemplo o apoio que será discutido com o governador do Ceará, que busca ajuda federal para reforçar a merenda escolar com produtos nacionais.
Meta fiscal preservada
Sobre o impacto orçamentário das medidas, Haddad garantiu que a intenção do governo é manter o plano de contingência dentro dos limites do novo arcabouço fiscal. “Essa não é nossa demanda inicial. A proposta que está sendo encaminhada não vai exigir recursos fora da meta, embora o TCU tenha sinalizado que seria possível, caso necessário.”
Segundo ele, o governo acredita que será possível lidar com o impacto das tarifas norte-americanas sem romper com as regras fiscais. “Entendemos que conseguimos operar dentro do marco fiscal sem nenhum tipo de alteração”, concluiu.
As tarifas norte-americanas reacendem o debate sobre protecionismo e relações comerciais estratégicas entre Brasil e Estados Unidos, num momento em que o país busca ampliar sua presença no cenário internacional e consolidar sua política de reindustrialização e crescimento sustentável.