
Apesar da pressão dos reajustes, queda no preço dos alimentos ajuda a conter avanço do IPCA-15; energia elétrica foi o item com maior impacto
A prévia da inflação oficial brasileira registrou alta de 0,33% em julho, acima dos 0,26% de junho, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A elevação foi impulsionada principalmente pela energia elétrica, pressionada pela bandeira vermelha nas contas de luz e por reajustes tarifários em cinco capitais.
Com o resultado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) acumula alta de 5,3% nos últimos 12 meses — valor acima da meta de inflação do governo, que é de 3% ao ano, com tolerância de até 4,5%. Em julho de 2024, a prévia havia ficado em 0,30%.
Apesar da pressão nos custos de habitação e transporte, os alimentos ajudaram a conter o avanço da inflação ao registrarem queda pelo segundo mês consecutivo: -0,06%. Itens como batata-inglesa (-10,48%), cebola (-9,08%) e arroz (-2,69%) foram os principais responsáveis por esse recuo. Ainda assim, o grupo alimentação e bebidas acumula alta de 7,36% em 12 meses — a maior entre todos os pesquisados.
Energia elétrica pressiona grupo habitação
O maior impacto individual do mês veio da energia elétrica residencial, que subiu 3,01%. O aumento está ligado à manutenção da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que acrescenta R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos. A medida foi adotada para compensar o uso de termelétricas em um período de escassez nos reservatórios das hidrelétricas.
Além disso, reajustes nas contas de luz em Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro contribuíram para o avanço do grupo habitação, que teve alta de 0,98% (com impacto de 0,15 ponto percentual no índice).
Transportes sobem com passagens aéreas e aplicativos
O grupo transportes avançou 0,67%, puxado pelas passagens aéreas, que subiram expressivos 19,86% e contribuíram com 0,11 p.p. no índice. Também subiram os preços de serviços de transporte por aplicativo, com aumento de 14,55%.
Por outro lado, os combustíveis apresentaram queda de 0,57%, com destaque para o recuo da gasolina (-0,50%), que foi o subitem de maior impacto negativo no mês (-0,03 p.p.).
Panorama geral dos grupos
Dos nove grupos de produtos e serviços analisados pelo IBGE, cinco apresentaram alta em julho:
Habitação: 0,98% (0,15 p.p.)
Transportes: 0,67% (0,13 p.p.)
Despesas pessoais: 0,25% (0,03 p.p.)
Saúde e cuidados pessoais: 0,21% (0,03 p.p.)
Comunicação: 0,11% (0 p.p.)
Os demais registraram queda ou estabilidade:
Alimentação e bebidas: -0,06% (-0,01 p.p.)
Artigos de residência: -0,02% (0 p.p.)
Vestuário: -0,10% (0 p.p.)
Educação: 0,00%
O que é o IPCA-15?
O IPCA-15 é considerado uma prévia da inflação oficial e usa metodologia semelhante à do IPCA, mas com período de coleta diferente — neste mês, de 14 de junho a 15 de julho. O índice serve de termômetro para as expectativas do mercado e da política monetária do governo.
A coleta de preços é feita em 11 regiões metropolitanas e capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, entre outras. Já o IPCA completo, que será divulgado no dia 12 de agosto, abrange 16 localidades. Ambos consideram o consumo de famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos.
Atualmente, o salário mínimo está fixado em R$ 1.518.