Cientistas pedem corte de 50% nas emissões até 2030 para evitar colapso climático

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Declaração assinada por quase 200 especialistas na Global Tipping Points Conference alerta para urgência de ações drásticas antes da COP30


Em um apelo contundente à comunidade internacional, quase 200 delegados reunidos na Global Tipping Points Conference, realizada entre os dias 30 de junho e 3 de julho na Universidade de Exeter, na Inglaterra, assinaram uma declaração que pede a redução de 50% das emissões globais de gases de efeito estufa até 2030, tomando como base os níveis de 2010. O objetivo é conter o avanço do aquecimento global e evitar mudanças climáticas irreversíveis.

Segundo o documento, “as emissões globais de gases de efeito estufa devem ser reduzidas pela metade até 2030, exigindo uma aceleração sem precedentes na descarbonização”. A proposta busca reforçar a pressão internacional para ações mais ambiciosas que possam ser debatidas na COP30, prevista para ocorrer em 2025 no Brasil.

A declaração também destaca que essa redução é essencial para que o mundo consiga atingir emissões líquidas zero a tempo de limitar o aumento da temperatura global bem abaixo de 2 °C e iniciar um caminho de retorno para 1,5 °C, meta estabelecida no Acordo de Paris.

Os cientistas alertam que o ponto de 1,5 °C acima da média pré-industrial é considerado um limite crítico, além do qual os efeitos climáticos podem se tornar caóticos e irreversíveis. “Os recifes de corais tropicais já ultrapassaram seu ponto de inflexão, sofrendo perdas sem precedentes e comprometendo a subsistência de centenas de milhões de pessoas que dependem deles”, afirma o texto.

Além da redução drástica nas emissões, os especialistas defendem o aumento imediato e sustentável da remoção de carbono da atmosfera, por meio de soluções tecnológicas e baseadas na natureza, como reflorestamento e restauração de ecossistemas.

O evento em Exeter reuniu alguns dos principais cientistas do clima, pesquisadores e formuladores de políticas públicas, e a declaração final deverá ser levada como referência nas discussões preparatórias da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).

A declaração reforça o sentido de urgência que permeia a comunidade científica, que vê o tempo se esgotando para ações que possam evitar os cenários mais severos de colapso ambiental.