Dilma defende desenvolvimento justo e sustentável em cerimônia dos 10 anos do Banco do Brics

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

Presidente do NDB critica unilateralismo e desigualdades no sistema financeiro global, e reforça papel do banco na promoção da soberania e equidade entre países em desenvolvimento


Ao participar da cerimônia de comemoração dos 10 anos do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), nesta sexta-feira (5), a presidente da instituição, Dilma Rousseff, afirmou que o desenvolvimento mundial deve ser sustentável, inclusivo, justo, resiliente e soberano. A ex-presidente do Brasil, reeleita para comandar o banco em 2025, destacou o papel do NDB como alternativa às estruturas tradicionais do sistema financeiro internacional.

“Comemoramos, portanto, a primeira década do banco não só com orgulho, mas com senso renovado de propósito”, afirmou Dilma, durante a cerimônia. Segundo ela, o cenário internacional se tornou mais fragmentado e desigual, com crises econômicas, climáticas e geopolíticas se sobrepondo, além de pressões sobre o multilateralismo.

Dilma criticou o uso de tarifas, sanções e restrições financeiras como instrumentos de subordinação política, e afirmou que cadeias produtivas estão sendo reconfiguradas por interesses geopolíticos, e não apenas por eficiência. “O sistema financeiro internacional continua profundamente assimétrico, colocando os fardos mais pesados sobre aqueles com menos recursos”, alertou. Para a presidente do banco, esse contexto exige mais cooperação entre países e instituições que reflitam as realidades atuais, e não as de oito décadas atrás.

A ex-presidente brasileira destacou que o NDB demonstrou, nos últimos 10 anos, que é possível construir uma instituição confiável, eficiente e solidária, que compreende os desafios dos países emergentes e defende a soberania e a equidade. “Não temos o objetivo de substituir quem quer que seja, mas buscamos provar que há mais de uma maneira de promover o desenvolvimento”, concluiu.

Entenda o NDB

Criado em 2015, o Novo Banco de Desenvolvimento — conhecido como Banco do Brics — é uma instituição financeira multilateral voltada para o financiamento de projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países emergentes. Desde sua fundação, o banco já aprovou 120 projetos e mais de US$ 39 bilhões (cerca de R$ 210 bilhões) em financiamentos.

Embora tenha sido fundado pelos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o NDB pode incluir outros países em desenvolvimento. Uruguai, Argélia e Bangladesh já manifestaram interesse, assim como a Colômbia.

O papel do Brics

O Brics é um bloco de articulação política e econômica que representa o chamado sul global. Embora não tenha orçamento próprio nem secretariado permanente, atua pela reforma das instituições globais, como ONU, FMI, Banco Mundial e OMC, e pela criação de estruturas paralelas mais representativas, como o próprio NDB. A meta do grupo é ampliar a influência de seus membros no cenário internacional, promovendo cooperação, soberania e justiça global.