PF ouve advogados ligados a Bolsonaro sobre suposta tentativa de obstrução de delação de Mauro Cid

Fábio Wajngarten Foto: Agência Senado

Depoimentos de defensores e ex-assessor do ex-presidente foram determinados por Alexandre de Moraes no inquérito da trama golpista

 

A Polícia Federal ouve nesta terça-feira (1º) os advogados Paulo Amador da Cunha Bueno — defensor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — e Fábio Wajngarten, ex-assessor do ex-chefe do Executivo, no inquérito que apura tentativa de interferência na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. Os depoimentos ocorrem às 15h, em Brasília e São Paulo, simultaneamente, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Além deles, prestam depoimento o advogado Eduardo Kuntz, que representa o coronel Marcelo Câmara, e o próprio coronel. A investigação apura se Kuntz tentou entrar em contato com Mauro Cid por meio de um perfil no Instagram sob o nome de “Gabriela” (@gabrielar702), supostamente administrado pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Em resposta, Kuntz entregou ao STF as conversas com o perfil e pediu a anulação da colaboração premiada de Cid. A defesa do tenente-coronel, no entanto, afirma que ele e sua família teriam sido abordados por outros interlocutores — incluindo os advogados Paulo Amador e Fábio Wajngarten — em locais públicos, como eventos na Hípica de São Paulo. Segundo a alegação, as abordagens envolviam até mesmo familiares, incluindo a filha menor de idade.

O ministro Moraes destacou em sua decisão que os fatos “indicam, em tese, a prática do delito de obstrução de investigação”. Ele também ordenou à PF que, no prazo de 10 dias, apresente o laudo de extração e análise dos dados do celular apreendido no caso.

O episódio se insere no contexto da apuração sobre a trama golpista que teria sido articulada para tentar reverter o resultado das eleições de 2022, alvo de inquérito em andamento no STF.