Brasil cria 149 mil empregos formais em maio, mas vagas com baixos salários predominam

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Caged mostra crescimento puxado por jovens e setores de menor remuneração; salário médio de admissão caiu para R$ 2.248

 


O Brasil fechou o mês de maio com saldo positivo de 148.992 empregos com carteira assinada, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado na segunda-feira (30) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O resultado decorre de 2.256.225 admissões e 2.107.233 desligamentos no período.

Apesar do crescimento, todas as vagas criadas foram com remuneração de até dois salários mínimos. Nas faixas salariais superiores, o saldo foi negativo. Com isso, o salário médio de admissão caiu para R$ 2.248,71 — uma retração real de R$ 10,98 em relação ao mês anterior.

Para o economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, os dados refletem um mercado aquecido, mas centrado em posições de menor qualificação. “Isso não significa que quem já está no mercado está ganhando menos, pois o Novo Caged considera apenas salários de quem entra e sai do emprego”, explicou.

Segundo o MTE, 98.003 dos novos empregos foram ocupados por jovens de 18 a 24 anos. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que o dado desmente a ideia de que os jovens rejeitam o trabalho formal. “Precisamos discutir o piso salarial em diversos setores, porque a base da pirâmide está muito baixa”, ressaltou.

Todos os setores da economia registraram saldo positivo, com destaque para:

  • Serviços: +70.139 vagas

  • Comércio: +23.258

  • Indústria: +21.569

  • Agropecuária: +17.348

  • Construção: +16.678

As cinco regiões do país também apresentaram crescimento, com o Sudeste liderando (+74.536 postos). No acumulado do ano, o Brasil soma 1.051.244 empregos formais criados. Em 12 meses, o número sobe para 1.628.644.

Apesar do resultado positivo, o dado ficou abaixo da expectativa de analistas consultados pela Reuters, que projetavam a criação de 179 mil vagas.

Juros altos no centro do debate
O ministro Marinho voltou a criticar a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 15% ao ano, que chamou de “armadilha”. Para ele, o crescimento do emprego poderia ser maior se os juros estivessem em patamares mais baixos. “Somos escravos do juro alto”, afirmou. Marinho também ironizou previsões de que a Selic termine o governo acima de dois dígitos: “Temos que cortar os pulsos se isso acontecer”.

Pnad mostra queda do desemprego e recordes salariais
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) do IBGE revelou, no mesmo período, uma taxa de desemprego no menor nível histórico. O número de trabalhadores com carteira assinada bateu recorde, com 39,8 milhões. A informalidade caiu para 37,8%.

A renda média mensal habitual foi de R$ 3.457, um aumento de 3,1% em relação ao mesmo trimestre de 2024. A massa salarial também bateu recorde, alcançando R$ 354,6 bilhões — resultado da ampliação no número de pessoas ocupadas, e não de um aumento nos salários.