Clima azeda entre Haddad e presidente da Câmara após derrota no caso do IOF

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Hugo Motta acusa ministro da Fazenda de jogar desgaste no Congresso e articula novas derrotas, como queda da taxação de LCIs e LCAs

A relação entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), se deteriorou nos bastidores antes mesmo da votação que resultou na derrubada do aumento do IOF, na semana passada.

Segundo informações da Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder, Motta ficou irritado com declarações de Haddad que, segundo ele, teriam colocado o ônus da medida sobre os parlamentares. Deputados próximos ao presidente da Câmara afirmam que não houve qualquer promessa de um prazo de 10 dias para que a Fazenda apresentasse uma alternativa ao aumento do imposto, e que essa versão é “coisa da cabeça de Haddad”.

Nos corredores do Congresso, há quem compare a relação entre Haddad e Motta à antiga tensão entre Alexandre Padilha e Arthur Lira, marcada por ruídos de comunicação e disputas de protagonismo político.

O clima piorou ainda mais com a sinalização de Haddad de que o governo poderia recorrer ao STF para reverter a decisão sobre o IOF. A possibilidade é considerada uma afronta por líderes da base e da oposição, sendo vista como um gesto de desrespeito ao Parlamento.

Com a relação estremecida, a Câmara já se articula para impor novas derrotas ao governo na área econômica. Uma das principais pautas em discussão é a derrubada da taxação sobre LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) — proposta que também é vista como uma ofensiva direta contra Haddad e sua equipe.

A tensão entre Executivo e Legislativo, especialmente no campo fiscal, se soma a um cenário de incertezas econômicas e dificuldade de articulação política do governo no Congresso.