Cirurgia para mudar cor dos olhos é arriscada e não deve ser usada para estética, alerta CBO

(crédito: Reprodução/Instagram/@leandro_karnal)

 

Conselho Brasileiro de Oftalmologia chama atenção para os perigos da ceratopigmentação, procedimento irreversível que pode causar cegueira

A busca por procedimentos estéticos cada vez mais radicais tem levado muitas pessoas a recorrerem a intervenções perigosas. Um dos exemplos mais recentes é a cirurgia que promete mudar a cor dos olhos por meio da pigmentação da córnea — técnica conhecida como ceratopigmentação. Apesar de ganhar visibilidade nas redes sociais, principalmente após famosas como Andressa Urach e Maya Massafera compartilharem os resultados da intervenção, o procedimento é extremamente arriscado.

Diante da repercussão, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) emitiu um alerta à população: essa técnica não deve ser realizada com fins estéticos. A ceratopigmentação é um procedimento irreversível e de alto risco, indicado exclusivamente para pessoas com cegueira permanente ou baixa visão extrema, com o objetivo de melhorar a aparência de olhos já comprometidos. Segundo o CBO, trata-se de uma cirurgia reparadora, não estética.

A entidade reforça que o uso da técnica em olhos saudáveis pode trazer consequências graves, como infecção, inflamação difícil de tratar, lesões na córnea, aumento da pressão intraocular, dor persistente e, em casos mais graves, perda total da visão. Alguns pacientes relatam sintomas preocupantes após o procedimento, como dificuldade de enxergar, ardência, fotofobia (aversão à luz) e sensação constante de areia nos olhos.

Na ceratopigmentação, micropigmentos são implantados nas camadas internas da córnea para alterar a coloração dos olhos. De acordo com o CBO, essa técnica foi desenvolvida para disfarçar manchas brancas em olhos cegos e não deve ser usada em substituição a soluções menos invasivas, como lentes coloridas ou próteses.

Além dos riscos clínicos, há outra consequência preocupante: por ser irreversível, a pigmentação da córnea pode prejudicar a realização de exames futuros e dificultar intervenções cirúrgicas importantes, como o tratamento de catarata.

O Conselho Brasileiro de Oftalmologia e a Sociedade Brasileira de Córnea reforçam que qualquer procedimento ocular invasivo deve ser realizado apenas sob indicação e supervisão de um médico oftalmologista. A busca por padrões estéticos não pode colocar em risco a saúde visual. Cirurgias como essa não devem ser tratadas como procedimentos simples ou modismos seguros — os danos podem ser irreversíveis.