
Medida aumenta segurança energética, reduz importações e pode tornar o país autossuficiente em gasolina pela 1ª vez em 15 anos
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) anunciou nesta quarta-feira (25) uma mudança importante na composição dos combustíveis vendidos nos postos de todo o Brasil. A partir de 1º de agosto, a mistura obrigatória de etanol na gasolina subirá de 27% para 30%, enquanto a mistura de biodiesel no diesel passará de 14% para 15%.
A decisão, comemorada por produtores de biocombustíveis, é vista como estratégica para aumentar a segurança energética do país, estimular a produção nacional e reduzir a dependência da importação de derivados do petróleo.
Autossuficiência em gasolina
Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a medida tornará o Brasil autossuficiente em gasolina pela primeira vez em 15 anos. “Estamos reduzindo nossa exposição ao mercado internacional e apostando em nossa produção interna, com ganhos econômicos, ambientais e sociais”, afirmou.
O secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Pietro Mendes, complementou dizendo que a elevação da mistura permitirá reduzir o consumo de gasolina A (pura) em até 1,36 bilhão de litros, ao mesmo tempo em que aumentará o consumo de etanol anidro em até 1,46 bilhão de litros por ano. Isso criaria um excedente exportável de 700 milhões de litros, revertendo o status do Brasil como importador líquido do combustível.
Diesel e biodiesel: menos risco, mais produção
No caso do diesel, atualmente o país importa cerca de 23% do diesel A. O aumento da mistura obrigatória de biodiesel de 14% para 15% (de B14 para B15) reduz essa dependência e fortalece a segurança energética nacional, especialmente diante de instabilidades geopolíticas, como os conflitos em curso no Oriente Médio e na Ucrânia.
O Grupo Potencial, produtor nacional de biodiesel, afirmou que o avanço da mistura “é estratégico para o país”, enquanto a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) destacou os benefícios ambientais, econômicos e de saúde pública da iniciativa.
Impacto no agro e nos mercados de insumos
A mudança nas misturas também movimenta os mercados de açúcar, milho e soja, principais matérias-primas dos biocombustíveis no Brasil. O óleo de soja, por exemplo, responde por mais de 75% da produção de biodiesel. Uma mistura maior pode aquecer ainda mais o setor de esmagamento de soja, beneficiado pela safra recorde colhida em 2025.
Já o etanol de milho, em crescimento no país, ganha protagonismo com a expectativa de que a indústria nacional seja capaz de atender à nova demanda no curto prazo.
Uma medida contra choques externos
“Essa medida é importante para a resiliência do Brasil diante de crises internacionais. Quando adotamos políticas como essa, nos tornamos menos suscetíveis às oscilações globais de preços e riscos de abastecimento”, enfatizou Mendes.