
Após nove meses de alta nos alimentos, preços recuam e ajudam a reduzir o IPCA-15; conta de luz e habitação puxam pressão inflacionária
Depois de nove meses consecutivos de alta, os alimentos finalmente registraram queda de preços em junho e ajudaram a frear a inflação. O IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, fechou o mês com alta de 0,26%, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (26) pelo IBGE.
Esse é o quarto mês seguido de desaceleração e o menor índice desde agosto de 2023, indicando que a inflação está perdendo força. No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 chega a 5,27%, ainda acima da meta do governo, que é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual.
Veja a trajetória do IPCA-15 em 2024:
Fevereiro: 1,23%
Março: 0,64%
Abril: 0,43%
Maio: 0,36%
Junho: 0,26%
O resultado de junho também ficou abaixo do mesmo mês de 2023, quando o índice foi de 0,39%.
Queda nos alimentos ajuda, mas conta de luz pressiona
Dos nove grupos analisados pelo IBGE, sete tiveram alta. Os recuos vieram de alimentação e bebidas (-0,02%) e educação (-0,02%). O maior peso na inflação de junho veio do grupo habitação (1,08%), especialmente por causa da energia elétrica residencial, que subiu 3,29%, com impacto de 0,13 ponto percentual no índice total.
A alta na conta de luz reflete a aplicação da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que acrescenta R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos.
Principais altas por grupo:
Habitação: 1,08%
Vestuário: 0,51%
Saúde e cuidados pessoais: 0,29%
Despesas pessoais: 0,19%
Artigos de residência: 0,11%
Transportes: 0,06%
Comunicação: 0,02%
Queda nos alimentos: tomate, ovo e arroz mais baratos
Após nove meses de alta, os alimentos finalmente registraram deflação em junho, com destaque para os seguintes subitens:
Tomate: -7,24% (impacto de -0,02 p.p.)
Ovo de galinha: -6,95%
Arroz: -3,44%
Frutas: -2,47%
Por outro lado, cebola (9,54%) e café moído (2,86%) ficaram mais caros.
A última deflação no grupo de alimentos havia sido em agosto de 2023 (-0,80%). Desde então, o segmento vinha registrando aumentos, com o pico em dezembro (1,47%).
Combustíveis também ajudaram a segurar a inflação
O grupo de combustíveis teve recuo de 0,69%, influenciado pela queda nos preços de:
Óleo diesel: -1,74%
Etanol: -1,66%
Gasolina: -0,52% (impacto de -0,03 p.p.)
Gás veicular: -0,33%
Entenda o IPCA-15
O IPCA-15 é uma prévia do IPCA, o índice oficial usado pelo Banco Central para monitorar a inflação no país. A diferença entre os dois está no período de coleta (IPCA-15 vai do dia 16 de um mês ao dia 13 do seguinte) e na abrangência: o IPCA-15 cobre 11 regiões metropolitanas e o IPCA completo, 16.
Ambos refletem os preços de produtos e serviços consumidos por famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos (atualmente, R$ 1.518 o salário mínimo).
O resultado completo do IPCA de junho será divulgado no dia 10 de julho.