
A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã desta sexta-feira (13) o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, que integrou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele é suspeito de tentar viabilizar a emissão de um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, com o objetivo de facilitar sua saída do país. A prisão preventiva foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e cumprida em Recife (PE).
Além da detenção de Machado, o STF autorizou buscas e apreensões em endereços ligados a Cid, em Brasília. Inicialmente, também havia um mandado de prisão contra o militar, mas ele foi revogado pela Corte horas antes da operação. Apesar disso, Cid foi conduzido à sede da PF na capital federal para prestar depoimento.
A Polícia Federal confirmou o cumprimento dos mandados, mas não divulgou oficialmente os nomes dos envolvidos. A operação decorre de um pedido feito no início da semana pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que solicitou a abertura de inquérito para investigar a atuação de Gilson Machado no episódio.
Segundo informações divulgadas pelo G1, há indícios de que o ex-ministro tentou interceder junto ao Consulado de Portugal no Recife para viabilizar a emissão do passaporte europeu a Mauro Cid.
Machado nega irregularidades
Por meio de sua assessoria, Gilson Machado negou qualquer envolvimento em atos ilegais e afirmou que as mensagens trocadas com funcionários diplomáticos se referiam apenas à renovação do passaporte de seu pai, um idoso de 85 anos.
“Não cometi crime algum. Não matei, não roubei, não trafiquei drogas. O que fiz foi apenas pedir informações sobre a renovação do passaporte do meu pai”, declarou Machado em nota. “É só verificarem as ligações que fiz para o consulado e os áudios que enviei aos funcionários. Tudo o que fiz foi um gesto de cuidado com meu pai, nada além disso.”
Repercussão
O Partido Liberal (PL), legenda à qual o ex-ministro é filiado, informou que está acompanhando “com atenção” o desenrolar do caso e que aguarda mais esclarecimentos das autoridades.
Gilson Filho, filho do ex-ministro, também se manifestou publicamente. “Estou muito triste com isso. O meu pai é um exemplo para mim e me ensinou valores importantes como integridade e família. Nunca cometeu um crime em toda a sua vida”, afirmou.
Perfil
Empresário e proprietário de uma pousada de luxo na praia de São Miguel dos Milagres, em Alagoas, Gilson Machado foi presidente da Embratur e, posteriormente, ministro do Turismo entre 2020 e 2022, durante o governo Bolsonaro. Conhecido por seu estilo irreverente, também ganhou notoriedade ao aparecer tocando sanfona em transmissões ao vivo com o ex-presidente.
Após deixar o governo, Machado tentou seguir carreira política. Disputou uma vaga no Senado em 2022 e a prefeitura do Recife em 2024, mas foi derrotado em ambas as eleições.
A investigação segue sob sigilo judicial. Consultada, a Procuradoria-Geral da República informou que não poderá divulgar detalhes do caso neste momento.