Casos de síndrome respiratória disparam e atingem idosos e crianças no Brasil

Foto: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde-DF

Boletim da Fiocruz aponta aumento de 91% nas internações por SRAG em quatro semanas; influenza A e vírus sincicial respiratório são os principais responsáveis


O Brasil enfrenta um aumento expressivo nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em 2024. De acordo com o boletim InfoGripe, divulgado nesta quarta-feira (12) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o total de registros neste ano supera os números dos últimos dois anos e cresceu 91% nas últimas quatro semanas em comparação com o mesmo período de 2023.

A análise da Semana Epidemiológica 23, que vai de 1º a 7 de junho, mostra que o avanço da SRAG ocorre principalmente nas regiões Centro-Sul do país, com destaque para a circulação dos vírus Influenza A e Vírus Sincicial Respiratório (VSR) — responsáveis pelo maior número de hospitalizações.

Apesar de alguns sinais de estabilização ou início de queda em estados como Acre, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e no Distrito Federal, os níveis continuam elevados e exigem atenção das autoridades sanitárias.

A pesquisadora do InfoGripe, Tatiana Portella, destacou que a influenza A tem impactado todas as faixas etárias, mas afeta mais severamente os idosos, enquanto o VSR tem sido a principal causa de internação entre crianças pequenas.

“Reforçamos a importância da vacinação contra a gripe. Essa é a principal forma de prevenir casos graves e óbitos. Com uma boa cobertura vacinal, conseguimos diminuir esse número de hospitalizações”, alertou a pesquisadora. Ela também recomenda o uso de máscaras em locais de saúde e ambientes fechados com aglomeração, principalmente em caso de sintomas gripais.

O boletim mostra que os casos de SRAG entre crianças pequenas continuam a crescer na maior parte do país, embora já se percebam sinais de estabilização em algumas áreas do Centro-Oeste (como Distrito Federal e Goiás), Sudeste (como São Paulo e Espírito Santo) e Norte (como Acre).

Entre os idosos, o crescimento de internações foi observado em capitais como Aracaju, Belo Horizonte, Boa Vista, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, João Pessoa, Macapá, Maceió, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Já o aumento entre jovens e adultos foi detectado em Aracaju, Belo Horizonte, Boa Vista, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, João Pessoa, Maceió, Porto Velho, Rio de Janeiro e São Luís.

Nas últimas quatro semanas, a distribuição dos vírus detectados nos casos positivos de SRAG foi a seguinte:

  • Influenza A: 40%

  • Vírus Sincicial Respiratório (VSR): 45,5%

  • Rinovírus: 16,6%

  • Influenza B: 0,8%

  • Sars-CoV-2 (Covid-19): 1,6%

Nos óbitos relacionados à SRAG, a influenza A também lidera, com 75,4% dos casos, seguida por VSR (12,5%), rinovírus (8,7%), Sars-CoV-2 (4,4%) e influenza B (1%).

A Fiocruz alerta para a necessidade de ampliar a cobertura vacinal e manter medidas preventivas para conter a disseminação dos vírus respiratórios, especialmente entre populações vulneráveis como crianças e idosos.