Bolsonaro depõe à PF em inquérito que investiga Eduardo por tentativa de coação ao STF

Jair Bolsonaro Foto: Divulgação

 

Ex-presidente será ouvido nesta quinta (5) no âmbito de investigação do STF que apura articulações de Eduardo Bolsonaro nos EUA contra ministros da Corte

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestará depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (5) no inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

O caso gira em torno de supostas tentativas de Eduardo de influenciar autoridades dos Estados Unidos a imporem sanções a membros do STF, do Ministério Público e da Polícia Federal. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), a ação teria o objetivo de embaraçar o andamento do julgamento que envolve Jair Bolsonaro, réu no STF sob a acusação de tentativa de golpe de Estado.

O pedido de abertura de inquérito foi aceito pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, no último dia 26. Eduardo Bolsonaro passou a ser investigado por possíveis crimes de coação no curso do processo penal, obstrução de investigação contra organização criminosa e abolição do Estado Democrático de Direito.

A investigação ocorre em paralelo ao aumento da pressão internacional. Na quarta-feira (28), o governo norte-americano anunciou que passará a restringir vistos de autoridades estrangeiras envolvidas em censura contra cidadãos americanos. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, não mencionou nomes, mas citou a América Latina como exemplo. Há expectativa de que o ministro Alexandre de Moraes possa ser um dos alvos simbólicos da medida, segundo analistas.

A ação nos EUA se baseia na chamada Lei Magnitsky, que permite sanções contra estrangeiros considerados responsáveis por violações graves de direitos humanos. Até hoje, a norma foi aplicada a ditadores, grupos terroristas e criminosos internacionais, mas nunca a um ministro de Suprema Corte, o que tornaria o episódio inédito.

A oitiva de Bolsonaro ocorre num momento de escalada da tensão entre o ex-presidente e o Judiciário, e pode abrir novos capítulos na já conturbada relação entre os poderes e nas investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.