Ex-fumante inspira outros a largar o cigarro no Dia Mundial sem Tabaco

Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF

 

Aos 69 anos, aposentado que fumou por mais de cinco décadas vira exemplo de superação em grupo de apoio da UBS 2 de Sobradinho; SES-DF oferece acolhimento em 84 unidades

 

 

“Nunca é tarde para deixar de fumar.” A frase, dita com convicção pelo aposentado Jalvo da Silva, de 69 anos, carrega a força de quem superou mais de cinco décadas de dependência. Em 2022, ele decidiu abandonar o cigarro após 51 anos de hábito. Hoje, é presença constante no grupo de antitabagismo da Unidade Básica de Saúde (UBS) 2 de Sobradinho, onde se tornou inspiração para quem ainda está no início da luta. “Sempre que posso, participo das reuniões aqui, porque tenho uma ligação emocional”, afirma.

Neste 31 de maio, Dia Mundial sem Tabaco, a história de Jalvo se soma à de tantos outros que encontram nas rodas de conversa e apoio coletivo o impulso necessário para seguir em frente. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) mantém 84 unidades com grupos de acolhimento voltados a pessoas que desejam parar de fumar.

Carlos Lessa, 68 anos, é um dos que se beneficiam do grupo. “Para mim tem sido muito difícil. A vontade está sempre lá, pois a dependência química é muito grave”, relata. Já José Albuquerque, de 73, celebra quatro meses longe do cigarro, período em que passou a frequentar os encontros. “Ajuda muito estar aqui, porque você escuta um falar, escuta o outro, vai observando e põe na sua cabeça que tem que parar”, diz.

De acordo com a facilitadora do grupo, Fabrícia Paola Ribeiro, o espaço coletivo é fundamental no tratamento. “A participação nas atividades é a parte cognitivo-comportamental. É um ambiente seguro, onde cada um compartilha dificuldades, derrotas e conquistas.”

Desafios e números no DF

O Programa de Controle do Tabagismo da SES-DF segue diretrizes do Ministério da Saúde e oferece atendimento com equipes multiprofissionais. Além das ações educativas, os participantes podem ser encaminhados a tratamentos específicos, dependendo das condições de saúde.

Segundo dados de 2023, 8,4% dos adultos no Distrito Federal ainda são fumantes. O hábito é mais comum entre os homens (10,7%) do que entre as mulheres (6,4%). Um dos principais desafios, segundo Fabrícia Ribeiro, é conscientizar o público jovem. “Estamos tentando prevenir o uso precoce. Cigarros eletrônicos e narguilés são cada vez mais populares entre adolescentes.”

No Brasil, o índice de fumantes caiu de 9,8% em 2019 para 9,3% em 2023. A meta do Plano de Ações Estratégicas para Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis é chegar a 5,9% até 2030.

O coordenador do Programa Nacional de Controle do Tabagismo em Brasília, Saulo Viana, reforça que o tabaco continua sendo uma das principais ameaças à saúde pública. “O tabagismo e a exposição passiva são fatores de risco para diversas doenças crônicas, como câncer, enfermidades pulmonares e cardiovasculares.”

No Dia Mundial sem Tabaco, exemplos como o de Jalvo mostram que a mudança é possível – e que apoio coletivo pode ser o primeiro passo para uma vida mais saudável.