Walfrido Warde propõe Autoridade Nacional Antimáfia e critica impacto da Lava Jato

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Advogado defende modelo italiano para enfrentar o crime organizado e afirma que Lava Jato destruiu empresas sem proteger o interesse público

 

O advogado e presidente do Instituto para a Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), Walfrido Warde, defendeu a criação de uma Autoridade Nacional Antimáfia, durante entrevista ao jornalista Leandro Demori, no programa DR com Demori, exibido nesta terça-feira (27) pela TV Brasil. Inspirada no modelo italiano, a proposta visa combater de forma coordenada e eficaz o crime organizado no Brasil.

Crítico da Operação Lava Jato desde 2015, Warde afirmou que a operação foi responsável pela destruição de empresas estratégicas, sem considerar os impactos econômicos e sociais. “Quebrar uma empresa significa perder postos de trabalho, arrecadação, conteúdo nacional, tecnologia”, disse o advogado, que lançou livros abordando os erros do lavajatismo e os efeitos do modelo punitivista sobre a sociedade.

Segundo Warde, a maior parte do que se classificou como corrupção à época era, na verdade, financiamento de campanhas empresariais – prática legal até 2015. Ele também criticou a proibição das doações empresariais, afirmando que isso abriu espaço para o avanço de organizações criminosas no financiamento político.

Ao tratar da segurança pública, Warde citou dados do IREE que mostram que 41% da população rural e 38% da urbana veem a insegurança como principal preocupação. Para ele, a resposta do Estado tem sido ineficaz, alternando entre repressão descontrolada e omissão.

A solução, segundo o advogado, passa por romper com a política de encarceramento em massa e concentrar esforços na prisão de líderes de facções. Sua proposta de Autoridade Nacional Antimáfia prevê uma estrutura federal autônoma, com corregedoria própria e capacidade de infiltração, para combater diretamente o crime organizado.

Warde elogiou ainda a proposta de emenda constitucional apresentada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que visa redistribuir competências entre União e estados no enfrentamento ao crime organizado. “O crime não é local, é nacional e transnacional. A União precisa coordenar esse combate”, afirmou.

Encerrando a entrevista, Walfrido Warde fez uma reflexão contundente: “No fim do dia, a criminalidade é uma concessão do Estado”. Segundo ele, o poder público tem recursos para conter o avanço do crime, mas falha por conta da infiltração de interesses criminosos nas instituições.