
Levantamento aponta ações educativas, envolvimento das famílias e necessidade de programas de apoio psicológico como caminhos para combater a violência escolar
O Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) divulgou, nesta quarta-feira (21), a pesquisa “Bullying no ambiente escolar do Distrito Federal: percepções e implicações práticas”, revelando um avanço significativo no combate à violência nas escolas da região. O estudo foi apresentado com a presença de representantes da Secretaria de Educação (SEEDF), da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF), do Batalhão de Policiamento Escolar (BPEsc/PMDF) e do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente (CDCA).
Segundo o levantamento, 87,2% dos gestores escolares afirmaram realizar aulas ou campanhas educativas sobre bullying, e 88,1% orientam as famílias sobre o tema. Entre os professores, 58% promovem atividades com os alunos e 56,1% envolvem os responsáveis nas discussões.
A diretora de Estudos e Políticas Sociais do IPEDF, Marcela Machado, destacou o objetivo da pesquisa: “Temos a missão de produzir conhecimento que apoie decisões de governo, ouvindo a realidade das escolas e entendendo os desafios. É significativo ver essa pauta sendo acolhida com a seriedade que merece”.
Para a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, os dados reforçam as ações já em curso: “Essa é mais uma iniciativa que vem para fortalecer a cultura de paz nas escolas. Os dados nos ajudam a pensar políticas públicas mais efetivas de enfrentamento ao bullying”.
O levantamento também mostra que o problema é recorrente: 91,7% dos gestores e 76,4% dos professores relataram casos de bullying em suas escolas. Os tipos mais frequentes estão relacionados a racismo, homofobia e discriminação por aparência física.
Entre os estudantes vítimas de bullying, 38,3% disseram ter faltado à escola por conta das agressões, e relataram consequências como isolamento, queda no rendimento escolar e tristeza. Alunos sugeriram como medidas eficazes a formação continuada de professores, envolvimento familiar e canais anônimos de denúncia.
Apesar dos avanços, apenas 27,5% dos gestores e 26,1% dos professores afirmaram que suas escolas oferecem programas de apoio ou mentoria para vítimas e agressores, o que evidencia a necessidade de ações de acolhimento e acompanhamento psicológico.
Junto à pesquisa, o IPEDF também lançou o estudo “Mapeamento de ações governamentais de enfrentamento ao bullying nas escolas do Brasil e do Distrito Federal (2000–2024)”, que identificou 60 iniciativas no DF, colocando a unidade federativa como a terceira mais ativa do país no combate ao bullying. Cerca de 70% das ações mapeadas são leis, normativas ou guias.
Segundo Marcela Machado, o mapeamento mostra que o tema tem mobilizado o país: “Governos de diferentes estados têm se movimentado, e isso reforça a urgência dessa agenda. Mas ainda há lacunas, especialmente em relação ao apoio direto aos professores”.
O estudo nacional revelou que 90% das ações têm foco na sensibilização e orientação da sociedade, enquanto o número de medidas voltadas especificamente ao corpo docente ainda é reduzido. Ainda assim, o crescimento expressivo dessas iniciativas a partir de 2015 aponta para um amadurecimento das políticas públicas voltadas à promoção de ambientes escolares seguros e inclusivos.