O que você come aparece na pele: estudo mostra impacto da alimentação na juventude cutânea

Foto de Artem Labunsky na Unsplash

Pesquisa italiana reforça que dieta rica em antioxidantes pode retardar o envelhecimento da pele, enquanto alimentos ultraprocessados aceleram rugas, flacidez e manchas


Você já parou para pensar que aquilo que vai ao prato pode refletir diretamente no espelho? Um estudo publicado em maio no periódico Food Science & Nutrition aponta que a alimentação tem papel essencial na saúde e na aparência da pele. A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade de Messina, na Itália, revisou diversas publicações anteriores sobre o tema e concluiu que um cardápio equilibrado e variado pode ajudar a preservar a juventude cutânea.

Embora os autores reconheçam que ainda são necessários mais estudos para compreender todos os mecanismos entre dieta e envelhecimento da pele, as evidências já existentes indicam que certos nutrientes influenciam diretamente a estrutura, firmeza e elasticidade da pele.

Entre os principais aliados da beleza cutânea, estão os alimentos ricos em antioxidantes, capazes de combater os radicais livres – moléculas que aceleram o envelhecimento. Um destaque é a vitamina C, encontrada em frutas cítricas, morango, goiaba, pimentão e brócolis. Ela não só ajuda a prevenir o fotoenvelhecimento causado pelo sol como também estimula a produção de colágeno, proteína responsável por manter a pele firme.

Já a vitamina E, presente em óleos vegetais, oleaginosas e folhas verde-escuras, contribui para reduzir rugas e aumentar a elasticidade da pele. “Esses nutrientes atuam como uma espécie de escudo biológico contra os danos do tempo e das agressões externas”, explicam os autores do estudo.

O que evitar

Em contrapartida, hábitos alimentares pouco saudáveis podem acelerar – e muito – os sinais do tempo. O estudo destaca que o consumo elevado de alimentos gordurosos e ultraprocessados, ricos em gordura trans, pode levar a um envelhecimento cutâneo mais acelerado. Exemplos incluem biscoitos recheados, margarinas e comidas prontas congeladas.

Além disso, o excesso de açúcar e carboidratos simples (como pão branco, refrigerantes e doces) também é prejudicial. Isso porque esses ingredientes participam de um processo chamado glicação, no qual moléculas de glicose se ligam a proteínas como o colágeno, formando os chamados AGEs (advanced glycation end products). O resultado? Flacidez, rugas e perda de elasticidade.

“A glicação compromete as fibras de sustentação da pele e ainda pode favorecer o aparecimento de manchas”, explica a dermatologista Maísa Fabri Mazza, da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo. O dermatologista Beni Grinblat, do Hospital Israelita Albert Einstein, reforça: “A perda de colágeno aumenta a penetração dos raios UV na pele, o que gera mais radicais livres e intensifica os efeitos do envelhecimento e da pigmentação”.

Cuidado constante, não restrição total

Mas calma: isso não significa que comer um doce de vez em quando vai envelhecer sua pele da noite para o dia. O problema está no consumo exagerado e constante desses alimentos. “É como tomar sol: todo mundo sabe que o excesso pode causar câncer de pele, mas isso não quer dizer que não se possa sair ao ar livre”, compara a farmacêutica e bioquímica Patrícia França, de São Paulo.

A atenção com a alimentação é especialmente importante para idosos, cujo organismo já passa por um envelhecimento natural, e para pessoas com diabetes ou resistência à insulina.

Além da dieta, o estudo reforça que mudanças no estilo de vida também fazem diferença. Evitar o fumo, moderar o álcool, praticar exercícios físicos, reduzir a exposição ao sol e à poluição são atitudes essenciais para manter a pele saudável — e o corpo como um todo.

A receita, segundo os especialistas, é simples: variedade, equilíbrio e consciência alimentar. O que você coloca no prato, definitivamente, deixa marcas — ou evita que elas apareçam cedo demais.