
Grupo teria atuado para desacreditar urnas eletrônicas e pressionar Exército a aderir a golpe; maioria dos acusados é militar da reserva
O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta terça-feira (6) o julgamento de mais uma etapa da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a trama golpista que tentou manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022. Desta vez, a Primeira Turma da Corte analisa o recebimento da denúncia contra sete integrantes do chamado “núcleo 4”, acusado de ações estratégicas de desinformação e tentativa de coação ao comando do Exército.
A subprocuradora-geral da República, Cláudia Sampaio Marques, reforçou o pedido da PGR, afirmando que os denunciados estavam conscientes do plano e da importância de suas ações para gerar instabilidade social e institucional.
Segundo a denúncia, o grupo mobilizou milícias digitais para atacar o então comandante do Exército, general Freire Gomes, e sua família, em tentativa de forçá-lo a aderir ao golpe. Também teriam utilizado recursos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar opositores e disseminar desinformação.
Os acusados respondem por cinco crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e deterioração de patrimônio tombado.
Entre os denunciados estão cinco militares da reserva, um policial federal e o presidente do Instituto Voto Legal:
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Ailton Gonçalves Moraes Barros (major da reserva)
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Ângelo Martins Denicoli (major da reserva)
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Giancarlo Gomes Rodrigues (subtenente)
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Guilherme Marques de Almeida (tenente-coronel)
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Reginaldo Vieira de Abreu (coronel)
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Marcelo Araújo Bormevet (policial federal)
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Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (engenheiro)
Se os ministros aceitarem a denúncia, os sete se tornam réus e passarão a responder formalmente à ação penal. As defesas terão acesso mais amplo aos autos, poderão apresentar provas e arrolar testemunhas.
O julgamento é mais uma fase do processo fragmentado em seis núcleos pela PGR, autorizado pelo STF para agilizar a tramitação. Até agora, 14 pessoas já se tornaram rés por participação no plano golpista, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. A análise da denúncia contra o núcleo 3, com outros 12 envolvidos, está prevista para 20 de maio. Se a denúncia atual for aceita, o número de réus subirá para 21.